A casa de Arlindo de Oliveira, 70 anos, no bairro Itaum, zona Sul de Joinville, foi invadida por seis enchentes desde o fim do ano passado, segundo familiares. Na última, em 11 de março, a água chegou a quase um metro.
Diabético, com gangrenas (feridas) nos pés em função da doença, Arlindo teve contato com a água suja várias vezes. No dia 11, sozinho em casa, caiu e chegou a engolir água suja, segundo revelou mais tarde à família.
Treze dias depois, na última terça-feira, Arlindo morreu no Hospital e Maternidade São José, em Jaraguá do Sul. A família acredita que a causa tenha sido leptospirose, doença transmitida por meio do contato com a urina de ratos. A filha Rosana de Oliveira acredita que deveria ter havido mais preocupação por parte de médicos de Joinville, mas não pretende mover ação contra a saúde pública.
Arlindo começou a sentir-se mal na última sexta-feira. “Reclamava de dor na perna, nas costas, dor-de-cabeça e deixou de comer”, diz a mulher Jandira, 63, que morava com ele. Os sintomas semelhantes aos da leptospirose continuaram no sábado. Domingo, a família procurou o Hospital Municipal São José, em Joinville.
“Lá, disseram que, como não era emergência, eles não atenderiam”, lembrou Jandira. A família foi, então, para o Hospital Regional. “Foi a mesma coisa. Disseram que deveríamos procurar um PA.”
O próximo da família passo foi ir até o PA Norte, no Costa e Silva. “Meu pai foi medicado. Ficou das 10 às 16 horas. Deram soro, remédios. Meu pai contou ao médico que teve contato com a água da chuva”, disse a filha Rosana. O profissional (Rosana não lembra o nome) não pediu exame da doença e diagnosticou o estado de Arlindo como decorrente do diabetes.
Domingo à noite, vendo o Estado de saúde do pai, Rosana decidiu levá-lo até Jaraguá do Sul, onde ela mora. Os sintomas se agravaram durante a madrugada. Arlindo foi levado às pressas ao hospital logo cedo, na segunda-feira.
“Fizeram uma série de exames. Quando falamos das enchentes, eles disseram que iriam coletar material para enviar a Florianópolis. Uma médica teria dito a ela que tudo indicava se tratar de um caso de leptospirose e que, se fosse diagnosticado antes, talvez pudesse ter salvado o pai dela. Rosana quis deixar um alerta para outras famílias: “Exijam exames.”
O médico que cuidou da internação de Arlindo, Fernando Benkendorf, não foi localizado até o fechamento desta edição.
ATESTADO DE ÓBITO
A leptospirose não aparece como causa da morte de Arlindo. As causas apontadas são falência múltipla dos órgãos, insuficiência renal e diabetes. O diagnóstico de leptospirose é feito por meio de exame de sangue ou urina. O resultado sai em até 30 dias.
Fonte: AN - 26-03-2009