30-07-2009 - Joinville: SAÚDE PÚBLICA - Os planos para desafogar a fila

Que a extensa fila de pacientes à espera de cirurgia em Joinville tem se mostrado um poço sem fundo na saúde, o secretário Tarcísio Crocomo e o diretor do Hospital São José, Tomio Tomita, concordam. Também admitem que a solução não virá a curto prazo. Até o fim do ano, mais de 30 leitos devem passar a funcionar no São José. Não resolve, mas dá fôlego para que cirurgias não precisem ser canceladas a cada superlotação do hospital.
Há outras metas. Uma delas – em discussão – é o programa de “home care”. Ou seja, os pacientes fazem a cirurgia e, caso não haja restrições, recebem o pós-operatório em casa.
Paliativos à parte, a redução da lista a um número aceitável passa por desatar o ponto crítico da saúde da cidade: a falta de 300 leitos na rede pública.

TARCÍSIO CROCOMO / SECRETÁRIO DE SAÚDE

A Notícia – Qual a razão para que uma pessoa fique na fila desde 2003?

Tarcísio Crocomo – A demanda é exagerada, no sentido de que é muito grande e não foi atendida. O número de pessoas na fila desde 2003 é pequeno. Mas mostra a deficiência do sistema, porque esses pacientes não deveriam estar na fila tanto tempo. Estão porque tivemos muitas emergências, por não ter salas cirúrgicas. Não é motivo de conformismo, é de inconformismo. Não acho nada normal.

AN – Quem cuida dessa lista?

Crocomo – Está passando por um controle melhor na secretaria, no setor de regulação. É uma novidade, coisa de um ou dois anos. O hospital tem autonomia de ir tocando essa lista, porque lá é feita a cirurgia. Uma coisa que deturpa um pouco a lista é o paciente que se mudou, já fez a cirurgia, porque não temos um sistema informatizado para dar baixa aos pacientes.

AN – Quais os critérios para que uma pessoa passe à frente?

Crocomo – O SUS preconiza acessibilidade, todo mundo igual. Às vezes, quem precisa mais tem que ser atendido primeiro. É uma prática nova no SUS. Exemplo: urgência e emergência não se discute. Os critérios têm de ser adotados de acordo com a gravidade. A central de regulação tem um médico. E o médico especialista ajuda: avisa que o paciente não está legal.

TOMIO TOMITA / DIRETOR DO SÃO JOSÉ

AN – Que medidas o São José está tomando para reduzir a fila?

Tomio Tomita – Temos previsão de aumento de leitos com a inauguração do 4º andar. Com a unidade de queimados e todo o [complexo] Ulysses Guimarães vamos ganhar cem leitos. Isso a longo prazo. A curto, o 4º andar daria 30 a 40 leitos a mais. Pelo menos 50% para cirurgias. Seis leitos seriam de [tratamento] semi-intensivo. A falta de leitos de UTI é um problema, e vamos regular melhor. Não resolve, mas alivia.

AN – Quando o hospital superlota, a primeira medida é cancelar cirurgias. Não serviu para aumentar a fila este ano?

Tomita – Boa parte dos pacientes [espera] é porque temos uma estrutura pequena de leitos ocupada por urgência e emergência. Nessas condições, tenho que priorizar quem está na fase mais aguda.

AN – Tem motivo para que algumas cirurgias apareçam tanto na fila, como a de remoção de materiais usados para curar fraturas (como parafusos)?

Tomita – Esse tipo de cirurgia é feita no centro cirúrgico ambulatorial. Não precisa que o paciente fique internado. Boa parte está sendo operado, mas há defasagem. Está tendo um acúmulo.

AN – Funciona o paciente insistir para conseguir a cirurgia?

Tomita – Analisamos e, se existe prioridade, atendemos.

Fonte: AN - 30-07-2009


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