Ontem foi um dia especial na Maternidade Tereza Ramos, em Lages. Após 68 dias de luta e vigília, a equipe médica foi presenteada com o sorriso de Amanda, um "pedacinho" de gente de 645 gramas e 28 centímetros quando veio ao mundo, no dia 9 de novembro do ano passado.
O sorriso era de despedida. O menor bebê já nascido na maternidade, que médicos e enfermeiros seguravam na palma da mão, virou uma menina forte e saudável, pronta para a vida.
Amanda da Costa Bernardino veio ao mundo às 15h40min do dia 9 de novembro do ano passado, no Hospital Geral e Maternidade Tereza Ramos, em Lages, na Serra catarinense. Com 28 semanas de gestação - o habitual são 38 - , nasceu com apenas 645 gramas e 28 centímetros, devido a uma hipertensão sofrida pela mãe, a dona de casa Zilma Muniz da Costa Ninkotter, 37 anos, durante a gravidez. Uma hemorragia fez descolar a placenta, e Amanda nasceu prematuramente. Assim, mãe e filha passaram a correr riscos.
No entanto, nenhuma teve prioridade sobre a outra, e as duas contaram com o comprometimento dos profissionais da maternidade no sentido de saírem dali sãs e salvas.
As chances de sobrevivência de Amanda eram inferiores a 50% e, logo após o nascimento, feito através de cesariana, ela foi encaminhada à UTI Neonatal, onde ficou no respirador. O pediatra Laércio Dallazen lembrou que a medida foi necessária pelo fato de os pulmões serem a estrutura do organismo que mais tempo leva para amadurecer.
- Precisávamos colocá-la no respirador para mantê-la viável - disse o médico.
Amanda ficou na UTI por 38 dias. Em 13 de novembro, quatro dias após nascer, chegou a pesar 555 gramas, o que é considerado normal, dizem os médicos, já que a criança perde peso quando nasce.
Amamentação era feita através de uma sonda
Durante todo o tempo, ela foi alimentada apenas por uma sonda na veia. Passados 38 dias, Amanda teve a primeira grande vitória de sua vida, ao ser transferida para o berçário destinado a crianças nascidas prematuramente, onde pôde, pela primeira vez, ao atingir um quilo e meio, sentir o gostinho do leite saído do peito da mãe.
Ontem, após 68 dias, veio a boa notícia: Amanda poderia sair da maternidade. Quietinha, sem chorar, até esboçou um sorriso ao ver a movimentação de médicos e enfermeiras ao seu redor. Com 2.030 quilos e 37 centímetros, era hora de se despedir e ir para casa, em Agrolândia, no Alto Vale do Itajaí.
A evolução
Nascimento (9 de novembro de 2007, com 28 semanas de gestação)
645 gramas
27 centímetros
Dia 17 de dezembro de 2007 (após 38 dias na UTI)
1,5 quilo, Amanda mama pela primeira vez
Dia 16 de janeiro de 2008 (após 68 dias na UTI)
2,03 quilos
37 centímetros
Fonte: 17-01-2008