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27-10-2008 - Lages: Doentes selecionados contam seus dramas

A dona de casa Lúcia Novossad e o operador de máquinas Sérgio Donizete dos Santos, moradores do bairro Santa Helena, acompanharam o filho, Raul Sérgio Novossad dos Santos, de nove anos, na consulta pela qual o garoto esperava há um ano.
Os pais não têm condições de pagar atendimento particular para Raul e em 12 meses de espera sofreram junto com ele. “Às vezes dá falta de ar e reclama de dores em cima do peito”, conta a mãe. “É meio seguido. Pára um tempo e volta de novo”, acrescenta a dona de casa enquanto o filho dorme apoiado em seu ombro.
Ela reclama da falta de  médicos especialistas e de urgência no atendimento de casos como o do filho, que depende do Sistema Único de Saúde (SUS). A dona de casa comenta que fica apavorada ao ver o filho passando mal sem poder levá-lo ao médico.
O mutirão, segundo Lúcia, é uma boa alternativa e dá esperanças a quem aguarda na fila para consultas por muito tempo. “Achei bom. Se fosse esperar pela lista que tinha lá no posto (de saúde) ia esperar bem mais que um ano”, justifica.
Para a aposentada Laureni Miguel de Oliveira Carvalho, de 64 anos, a consulta com o cardiologista confirmaria ou não as suspeitas de problemas cardíacos levantada pela equipe da unidade de saúde.  “Estão presumindo, mas não têm certeza. Agora vou ficar sabendo se tenho problemas no coração.
A aposentada está na fila desde o dia 18 de fevereiro e fala que a espera  não é apenas para consultar com especialistas.
 Segundo ela, para ser atendida por qualquer médico na unidade de saúde do bairro Santa Helena é preciso aguardar de 15 a 16 dias. “Se marco uma consulta no postinho só daqui 15 ou 16 dias é que o médico vai atender”, se queixa. “Acho isso um erro muito grande. Ainda mais para uma pessoa de idade como eu”, comenta Laureni.
Maria Antônia da Silva Couto, de 60 anos, acompanhou o marido, José Couto Ribeiro, de 85 anos, da casa deles, no bairro Penha, até o Pronto Atendimento Municipal Tito Bianchini (Pronto Socorro). O casal saiu às 7 horas de casa para chegar no horário marcado para consulta, 8 horas. O medo era de perder a oportunidade de passar pelo cardiologista. “Ele não pode andar sozinho, porque até cair cai”, relata a esposa ao falar da saúde frágil de José.
Segundo ela, o marido tem um “inchaço” no coração. “Ele diz que escurecem as vistas (olhos) e fica tonto. Não dá nem para deixar ele sozinho em casa”.
No caso de José a demora, apesar de grande, ainda é pequena se comparada a de pacientes como o garoto Raul. O marido de Maria Antônia aguardava por atendimento há seis meses. “Não tinha cardiologista. Daí ficou marcado para vir hoje. Eu acho muito abuso. Se fosse para morrer já tinha morrido e apodrecido”.

Fonte: Correio Lageano - 27-10-2008


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