Pacientes que tiverem de fazer cirurgia cardíaca já têm alternativas para fugir dos tradicionais cortes que chegam a 30 centímetros no tórax. Isso porque a câmera e o vídeo, muito comuns em cirurgias como a laparoscopia, feita no abdômen, passaram a ser usadas para tratar enfermidades no coração.
A cirurgia cardíaca por videotoracoscopia foi trazida dos Estados Unidos e da Europa e já é aplicada por médicos no Brasil. Além de diminuir o tamanho do corte para quatro centímetros, ela apresenta como vantagens o menor tempo de cicatrização e a menor manipulação do coração.
A operação consiste basicamente em uma incisão no lado direito do tórax. Equipamentos como tesouras ou pinças especiais para essa cirurgia entram no espaço entre as costelas.
Em outro pequeno orifício, aberto abaixo da axila direita, é introduzida a câmera. Assim como na cirurgia tradicional, o coração é "parado durante a operação, e a circulação sangüínea funciona por meio de uma máquina coração-pulmão.
O cirurgião Robinson Poffo, que já fez mais de 30 operações no Hospital Hans Dieter Schmidt e no Centro Hospitalar Unimed, ambos de Joinville, diz que esse tipo de cirurgia minimamente invasiva é uma tendência porque gera menos riscos e evita hemorragias, inflamações e dores muito fortes:
- O tempo de internação diminui de 10 para sete dias. Cinco dias depois, o paciente já pode dirigir e voltar ao trabalho.
Segundo ele, a cirurgia serve principalmente para curar problemas de válvulas, arritmias e algumas doenças que a pessoa porta desde o nascimento, como comunicações interatriais.
Robinson Poffo diz que os resultados das operações são muito bons e que, em alguns casos, foi possível fazer incisão ao redor do mamilo, com técnica semelhante à da cirurgia para implante de silicone, dando um resultado mais estético.
Operação apresenta contra-indicações
Pablo Pomerantzeff, diretor da Unidade Cirúrgica de Válvulas do Instituto de Coração (Incor), de São Paulo, diz considerar positiva a disseminação da operação por ser menos invasiva, mas que a incisão na auréola requer cuidados e auxílio de um cirurgião plástico.
As contra-indicações são outra desvantagem desse procedimento. Pessoas com outras lesões como aneurisma da aorta, por exemplo, não devem fazê-la.
Quem tem problemas vasculares periféricos deve passar por uma seleção criteriosa, já que a máquina coração-pulmão é conectada ao corpo pela virilha.
O cirurgião cardíaco Frederico Di Giovanni, que apresentou a técnica no Congresso Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular, em abril, cita como vantagens da técnica o menor risco de infecções e os benefícios estéticos.
De acordo com ele, um dos obstáculos para um maior acesso à técnica no país já foi parcialmente superado: a disponibilidade de certos equipamentos.
- Tudo o que é novo tem um tempo de implantação, mas o Brasil está no caminho para isso - salienta o especialista.
Fonte: Jornal Diário Catarinense – 10-12-2007