O procedimento da auto-hemoterapia não tem efetividade cientificamente comprovada e pode ser perigoso, declara o Conselho Federal de Medicina. Em outubro, os conselheiros aprovaram o Parecer 12/2007, que trata do tema. A terapia consiste no tratamento de certas doenças pela retirada e nova injeção do sangue no próprio paciente. Os médicos que a praticarem poderão ter o registro profissional cassado, se forem denunciados aos CRMs. “Cabe ao CFM alertar a população que isso não deve ser feito e que pode vir a complicar o estado de saúde do paciente”, afirma o presidente do Conselho Federal de Medicina, Edson Andrade.
O parecer do CFM foi solicitado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em junho deste ano. A Agência buscou a opinião das autoridades médicas por essa terapia ter ganhado popularidade. O procedimento oferece baixo custo e a promessa de cura para doenças graves, como AIDS e câncer.
O parecer do Conselho foi produzido pelo médico e professor de Clínica Médica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Munir Massud. Sobre a auto-hemoterapia, Munir Massud afirma: “não há comprovação de sua efetividade, nem de sua segurança”, declara o médico. Para elaborar o parecer, ele analisou diversos estudos, artigos e revistas científicas disponíveis sobre o tema, da década de 30 aos dias de hoje. A bibliografia pesquisada inclui publicações em inglês, polonês, russo, alemão, chinês, espanhol, francês e italiano. O material consultado foram os abstracts disponíveis na base de dados Medline, que tem 11 milhões de citações e resumos da literatura médica.
A conclusão geral da análise é a de que “não existem estudos relativos à auto-hemoterapia desde a sua proposição como recurso terapêutico na primeira metade do século XX até os dias atuais” e que “não há evidência científica disponível que permita a sua utilização em seres humanos”, conclui o texto.
O parecer do CFM sobre a auto-hemoterapia foi enviado à Anvisa neste mês. A Agência informou que só depois de analisar o documento irá decidir que providências deve adotar.
Fonte: CREMESC – 10-12-2007