BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem o ministro Guido Mantega se acalmar e pediu mais "reflexão do que reação de sua equipe.Ele repreendeu Mantega por lançar a idéia de um novo imposto para a saúde, aparentemente sem consultar o Planalto, e por aventar a possibilidade de cortes em verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de programas sociais.
Para Lula, "não existe razão para ninguém ficar nervoso, nenhuma razão para que ninguém faça uma loucura de aumentar a carga tributária.
Lula disse que terá que ser convencido da necessidade de novos tributos e que o fim da CPMF não vai frear obras previstas no PAC nem os programas sociais.
- Eu avalio que ele (Mantega) vai ter que me convencer da necessidade disso. Falou para vocês (imprensa), agora vai ter que colocar na minha mesa e eu vou decidir se vamos ou não vamos, se precisamos ou não precisamos - disse, após votar no segundo turno do PED (processo de eleição direta) do PT, em Brasília.
Lula advertiu a equipe econômica, pedindo por mais reflexão.
- O governo precisa entender que o momento é mais de reflexão do que de reação.
Em entrevista, Mantega disse que "o PAC, os programas sociais e os investimentos em geral serão reexaminados. O ministro também afirmou que "vai haver redução de despesas.
Em outra entrevista, publicada ontem no Estado de S.Paulo, Mantega havia sugerido a criação de um novo imposto. Depois, disse que foi mal-interpretado e que a cobrança poderia ser discutida na tramitação de uma reforma tributária.
Decisão sai somente na quarta-feira
Na próxima quarta-feira, Lula tem encontro marcado com sua equipe econômica para definir as medidas do governo para contornar a perda de R$ 40 bilhões no orçamento de 2008 com o fim da CPMF. Tais medidas já devem ser discutidas hoje, em Montevidéu, onde o presidente e Mantega estarão juntos para o encontro do Mercosul.
O pacote trará cortes de despesas, que podem ficar na casa dos R$ 18 bilhões, mais aumento de tributos que podem ser feitos sem passar pelo Congresso - entre eles, elevação de alíquotas da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e PIS/Cofins, que poderiam render até R$ 10 bilhões a mais. O restante viria de aumento da arrecadação.
Fonte: Diário Catarinense - 17-12-2007