Os hispânicos e negros recebem menos analgésicos fortes que os brancos nas salas de emergência dos hospitais dos Estados Unidos, indica um estudo divulgado hoje.
O artigo, publicado na edição de 2 de janeiro da revista "Journal of the American Medical Association", sugere que os médicos e enfermeiros poderiam dar menos medicamentos a essas minorias por suspeitarem que esses pacientes exageram seus sintomas para obter mais calmantes para seu uso ou para vendê-los.
Não há provas disso, afirma em entrevista o médico Mark Pletcher, autor principal da pesquisa. "Não há evidência de que os pacientes que não são brancos sofram menos dor ou tipos diferentes de dor (que os brancos) quando chegam à sala de emergência", ressaltou.
O estudo analisou os medicamentos prescritos em 150 mil consultas às emergência do país entre 1993 e 2005. Concluiu que 31% dos pacientes brancos receberam analgésicos derivados do ópio, que são narcóticos usados por pessoas com níveis médios e altos de dor. Em comparação, 28% dos asiáticos, 24% dos latinos e 23% dos negros obtiveram os mesmos remédios.
Por outro lado, os médicos deram a 36% dos pacientes que não são brancos analgésicos mais fracos, não derivados do ópio, como ibuprofeno e aspirinas. Apenas 26% dos brancos receberam estes remédios.
O estudo também indica que uma das possíveis razões para a disparidade está em que os brancos demandam melhor atendimento por parte dos médicos que os membros das minorias e que reclamem mais de dor. "Os estudos nos anos 90 mostravam uma desigualdade racial ou étnica preocupante no uso desses analgésicos potentes", disse Pletcher. "Esperávamos que o esforço recente em nível nacional para melhorar a gestão do dor nos departamentos de emergência reduzisse esta disparidade. Infelizmente, não foi o caso", criticou.
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Fonte: Globo.com/G1 - 02-01-2008