Um dia depois de ouvir desabafos e reclamações de pacientes durante uma inspeção feita em hospitais estaduais, o governador Sérgio Cabral criticou o sistema municipal de saúde. O governador afirmou que a emergência pediátrica do Hospital estadual Getúlio Vargas - onde cerca de 80 crianças esperavam atendimento por até quatro horas na quarta-feira - estava superlotada porque os postos municipais de saúde ficaram fechados por quatro dias consecutivos, deixando a população sem atendimento. Anteontem, um ano após ter ficado impressionado com as péssimas condições de atendimento nos hospitais Getúlio Vargas, Albert Schweitzer e Rocha Faria, o governador voltou a visitar essas unidades.
Prefeitura diz que havia 22 unidades abertas Em resposta às críticas do governador, a Secretaria municipal de Saúde divulgou nota afirmando que, em 31 dezembro e 1º de janeiro, havia 22 unidades funcionando 24 horas e que, na noite do réveillon, a prefeitura "montou ainda dez postos de atendimento médico em sete bairros onde houve festas com queima de fogos." Cabral disse que os postos ficaram fechados por quatro dias e que mães têm razão de ficarem nervosas: - Ontem (anteontem) foi o primeiro dia útil e os postos de saúde ficaram fechados por quatro dias consecutivos. As mães estavam enlouquecidas, com toda razão, querendo que seus filhos fossem atendidos.
Aí, elas procuraram o Getúlio Vargas, que é um hospital de emergência com poucos pediatras, que estavam dando atenção a uma criança com problemas cardíacos. Mas a mãe que está com o filho com febre, com mal-estar ou diarréia não quer saber disso - disse Cabral.
Quem precisou de atendimento ontem nos hospitais Miguel Couto, Albert Schweitzer, Rocha Faria e Getúlio Vargas teve que enfrentar longas filas. No Miguel Couto, por exemplo, que é municipal, a fila saía do hospital e se estendia pela calçada na frente da unidade, com os pacientes esperando horas por atendimento.
No Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, entre outros problemas, o tomógrafo não estava funcionando. O Hospital Albert Schweitzer foi a unidade que, ontem, apresentou mais problemas. No Serviço de ProntoAtendimento, por exemplo, o filho de Rose Sampaio, Estevão Farias, de 1 ano, aguardava entre 30 crianças. A mãe media sua temperatura com termômetro trazido de casa: - Meu filho está com 39 graus de febre. Fizemos uma ficha e não sei a que horas ele será atendido.
No Getúlio Vargas, na pediatria, era preciso esperar de três a cinco horas por uma consulta.
A cabeleireira Heloísa Soares, de 42 anos, tentava consolar o filho Tobias, de 13 anos, que passava mal com insolação. O menino precisou aguardar três horas para ser atendido. A faxineira Solange Oliveira Hilário, de 26 anos, chegou nessa unidade às 9h e precisou aguardar até a noite por um ortopedista.
Fonte: Jornal O Globo - 04-01-2008