08-01-2008 - R$ 1.343 para resolver os problemas do HSA

O prefeito Cesar Maia disse ontem, por e-mail, que o aumento da produtividade é uma das prioridades para solucionar a falta de médicos no Hospital Municipal Souza Aguiar. A presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj), Márcia Rosa de Araújo, porém, questionou a cobrança do prefeito diante de uma unidade com poucos médicos recebendo baixos salários e tendo de atender cerca de 800 pacientes por dia - um a cada um minuto e meio. Ontem, o Jornal do Brasil mostrou a rotina de médicos e pacientes na maior emergência pública da América Latina, onde doentes dormem no chão e são esquecidos na enfermaria.
Na sexta-feira, quando o JB esteve no hospital, havia apenas três médicos de plantão. Ao ser questionado, o prefeito disse apenas que "faltas são sempre apuradas". Cada falta, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, é descontada no salário dos médicos.
Ainda de acordo com a secretaria, a nova emergência deverá funcionar até o fim deste mês. Não há previsão, porém, para a contratação de novos médicos. Cesar Maia disse apenas que "há um concurso em organização", acrescentando que "o aumento da produtividade é uma prioridade". O Cremerj questionou o prefeito.
- Como aumentar a produtividade com um salário desses? - pergunta Márcia. - Estão preparando um concurso com salários de R$ 1.343. Ninguém vai querer. Virão médicos com pouca experiência e que, com esse salário, sequer poderão se atualizar.

Controle de ponto é polêmico
O prefeito disse também que nunca fará policiamento de servidores. Para o Cremerj, porém, o controle não seria mal visto pela classe.
- Os médicos não têm medo de controle de ponto. Faltas são até certo ponto normais - defendeu.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, o déficit no Souza Aguiar é de 1.170 profissionais de saúde. Darze criticou o prefeito por cobrar produtividade sem oferecer condições de trabalho.
- É negligência e desrespeito com o servidor. Como cobrar mais produtividade sem oferecer condições mínimas? Só ser mais produtividade para contar os mortos - ironiza.

Fonte: Jornal do Brasil - 08-01-2008


  •