Um possível surto de meningite colocou em alerta os moradores e turistas no Guarujá. No dia 27 de dezembro, um garoto de 6 anos morreu e outros quatro estão internados - três deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santo Amaro. O outro paciente foi levado para a Santa Casa de Santos.
Todos os casos foram identificados na Favela Chaparral, no distrito de Vicente de Carvalho - o que reforça a suspeita de surto. Exames preliminares confirmaram a doença, mas a Secretaria Municipal de Saúde informa que ainda aguarda a confirmação pelo Instituto Adolfo Lutz.
Para evitar novos casos, a secretaria distribuiu o antibiótico rifampicina. "Fizemos uma barreira fitossanitária com a aplicação do antibiótico em todas as pessoas que tiveram contato com as crianças", diz o secretário Municipal de Saúde, Benjamin Rodrigues Lopez.
Segundo ele, 505 pessoas já foram identificadas e tratadas preventivamente. "Continuamos procurando outras pessoas que tiveram contato com essas crianças e amanhã irei até a favela para explicar aos moradores como acontece o contágio", diz Lopez.
A meningite é uma inflamação das membranas que recobrem o cérebro e a medula espinhal. Elas são causadas principalmente por bactérias e vírus (na maioria das vezes a evolução da meningite viral é benigna). Fungos e parasitas também podem causar a inflamação, principalmente em pacientes imunodeprimidos, mas são raros os casos.
A meningite bacteriana é a mais perigosa e pode levar à morte.
Amanhã, segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, uma equipe da Vigilância Sanitária Estadual deve ir até a cidade para avaliar os casos e verificar se existe conexão entre eles.
Controle
Segundo secretário municipal do Guarujá, não existe motivos para os turistas evitarem a cidade. "Todos os casos estão sob controle e, desde o dia 4, não registramos nenhum novo caso", diz.
Lopez recomenda que os locais fechados e com grandes aglomerações sejam evitados, principalmente pelas crianças. "É melhor levar as crianças para uma caminhada ao ar livre na praia do que ir até o shopping", diz.
A fase inicial da doença é a que oferece maior risco de contágio. Os sintomas são parecidos para todos os tipos de meningite: febre alta, náuseas, vômitos, dor de cabeça e rigidez da nuca são os mais comuns nos adultos e em crianças com mais de 2 anos.
Em recém-nascidos e bebês sendo amamentados, os sintomas são menos específicos: prostração, choro intenso, vômitos, recusa do leite materno e convulsões. A doença evolui em poucos dias ou até mesmo em horas.
O infectologista Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que é preciso identificar o agente causador da doença para que seja confirmado o surto. "Em São Paulo, deve haver um número maior de casos, mas não provocados pelo mesmo agente", afirma.
Recomendações
Evitar ambientes fechados: A transmissão da meningite se dá por meio das vias aéreas. Os médicos recomendam que lugares fechados, com grande aglomeração e pouca ventilação, sejam evitados, principalmente por crianças.
Contágio: A doença é mais contagiosa no inicio da infecção. Caso tenha contato com uma pessoa com meningite, o uso de antibióticos é indicado preventivamente.
Vacina: A meningite bacteriana é mais agressiva e pode causar a forma meningocócica da doença. A vacina é indicada para recém-nascidos. Um reforço deve ser dado a partir do 2.º ano de vida.
Fonte: Estado de São Paulo - 08-01-2008