O número de casos de febre amarela registrados neste ano já o maior desde 2003, quando foram computados 64 casos, com 23 mortes. Mais quatro contaminações - duas resultando em morte - foram confirmadas ontem, totalizando 10 casos, 7 de morte até agora. Ainda há 12 em investigação - 1 deles registrado ontem - e 7 infecções descartadas.
Mais informações sobre febre amarela
Os casos confirmados ontem tiveram Goiás como local suspeito de contaminação. Um deles é o de um paciente de São Caetano que viajou para o Estado, contraiu a doença e está hospitalizado. Também foram confirmados dois casos de pacientes de Luziânia. Um está em recuperação e outro morreu. O Ministério da Saúde confirmou que o empresário de Abadiânia, internado e morto em Brasília, estava contaminado.
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás informou ontem já estar tomando providências para evitar o surgimento de novos casos, principalmente do tipo urbano, ainda não registrado. Entre as medidas estão a pulverização de inseticida contra o mosquito da dengue - que é também um dos vetores da febre amarela - e pedido de autorização ao Tribunal de Contas para que municípios possam contratar mais agentes de combate ao inseto sem concurso.
Até o fim de 2007, Goiás enfrentava problemas no fornecimento do inseticida aos municípios - houve intoxicações e o tipo de solvente teve de ser trocado - e restrições à contratação de agentes em razão de legislação que obrigou a realização de concursos.
A febre amarela urbana não é registrada no Brasil desde 1942. As pessoas que adoeceram desde o final do ano foram contaminadas pelo tipo silvestre, em área de mata, onde circula outro mosquito transmissor da doença. Segundo o Ministério da Saúde, seriam necessários altos índices de infestação do Aedes aegypti, vetor da febre amarela nas cidades, para que a doença se espalhasse nas áreas urbanas. Para a transmissão, é necessário o mosquito da dengue picar um doente e, em um curto intervalo de tempo, picar uma pessoa sadia.
Os dados de Goiás comprovam que é muito pequeno o risco de a doença se urbanizar, mesmo no Estado, conforme tem dito o Ministério da Saúde. Dos 246 municípios do Estado, apenas 4 não registram a presença do mosquito da dengue. Mas o índice de infestação nas cidades que têm o Aedes aegypti é baixo - em apenas 30 delas supera o 1% aceitável pelo Ministério da Saúde, de acordo com dados de novembro.
"Independentemente do índice de infestação, em todo os 242 municípios com presença de Aedes estamos fazendo o bloqueio com inseticida para matar o mosquito e evitar também a possibilidade de febre amarela", afirmou ontem a gerente de Vigilância Sanitária, Magna Maria de Carvalho.
De acordo com a secretaria, os doentes permaneceram por mais tempo nas cidades goianas de Cristianópolis, Pirenópolis, Caldas Novas, Senador Canedo, Aurilândia, Cidade Ocidental, Luiziânia e na capital, Goiânia, locais prioritários nos trabalhos de prevenção agora.
Segundo a secretaria, só um caso de morte era de residente do Estado, os demais eram turistas que não foram orientados sobre os riscos nos locais de origem. "Não temos como vacinar os turistas." Desde dezembro, já foram aplicadas 5 milhões de doses da vacina contra a doença. Em 2007, foram 11,5 milhões de doses. Após o anúncio de casos no Brasil, Espanha e EUA já alertaram seus cidadãos sobre a necessidade de vacina para viajar para a maior parte do Brasil.
Fonte: Estado de São Paulo - 17-01-2008