Florianópolis - A grande procura por vacina contra a febre amarela em Santa Catarina provocou o desabastecimento dos postos de saúde. “Os 22 mil lotes que tínhamos disponíveis seriam suficientes até fevereiro, mas com o Estado incluído entre as Áreas de Transição da doença o estoque terminou em menos de uma semana”, informou nesta quinta-feira (17) Leonor Proença, gerente de Imunização da Diretoria de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde.
Até esta quinta-feira (17), o Ministério da Saúde havia confirmado dez casos da doença no Brasil. Em sete, os pacientes foram a óbito e nos demais estão em recuperação. Como a procura pela vacina se intensificou em todo o país, o Ministério da Saúde está priorizando a distribuição da vacina nos estados considerados Área de Risco. “Por isso, apesar da solicitação da DIVE ter sido encaminhada no início da semana, ainda não sabemos quando novos lotes serão encaminhados para Santa Catarina”, adianta Leonor.
De acordo com o “mapa” do Ministério da Saúde, 28 municípios do Extremo-oeste catarinense compõem a Área de Transição da febre amarela, ou seja, aquelas nas quais o vírus circula de maneira epizoótica ocasional, apenas entre primatas. A inclusão de alguns municípios nesta área se deve ao histórico das cidades, por ali terem sido registradas mortes de macacos nas décadas de 40 e 60, e também por a área ser contígua ao Rio Grande do Sul, estado que apresentou epizootia em 2001.
Desde então, a população residente nesta área vem sendo protegida através da vacinação contra a febre amarela. A vacina ainda é mantida no calendário de vacinação das crianças, a partir dos nove meses, e um reforço deve ser aplicado a cada dez anos. Outra ação preventiva da Secretaria de Estado da Saúde, através da DIVE, é a vigilância sistemática do Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela em área urbana. O controle dos focos evita tanto a sua instalação quanto a dispersão da doença.
A febre amarela é uma doença febril aguda, de curta duração (no máximo 12 dias) e de gravidade variável. A forma grave caracteriza-se clinicamente por insuficiência hepática e renal, que podem levar à morte. Na febre amarela silvestre, o vírus circula entre os macacos que, no período de viremia, ao serem picados por mosquitos, passam o vírus a estes insetos. Se um homem entrar na mata sem a proteção da vacina e for picado por um mosquito infectado, passa a ser inserido no ciclo de transmissão (macaco - mosquito silvestre - homem).
Já na febre amarela urbana, o vírus é introduzido no ciclo pelo homem, em período de viremia. Ao ser picado pelo Aedes aegypti, este vetor torna-se infectado, passa pelo período de incubação extrínseca e estará apto a transmitir o vírus para outras pessoas suscetíveis, iniciando o ciclo de transmissão homem - Aedes aegypti - homem. Para que a doença não volte a se manifestar em áreas urbanas, o Ministério da Saúde criou uma grande barreira sanitária, intensificou a vacinação nas regiões onde ocorreram casos e está investindo em ações sentinelas, para monitorar a morte de macacos e avaliar o risco de infecção de humanos.
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde - 17-01-2008