Chega a sete o número de casos fatais em decorrência da febre amarela este ano no país. Outras três pessoas contraíram a doença e sobreviveram. Apesar disso, as autoridades garantem que não há risco de epidemia. Dos 10 casos registrados, oito ocorreram em Goiás, um em Mato Grosso do Sul e o último no Distrito Federal. Nestas duas páginas, tire suas dúvidas sobre a doença, conheça as áreas de risco e se informe sobre as medidas em andamento:
Quem precisa se vacinar?
Todas as pessoas que moram em região consideradas de risco ou pretenda viajar para lá.
A vacina pode causar reação?
Pode. Quem é alérgico à proteína do ovo pode ter reações leves, moderadas e até graves. 5% dos vacinados podem apresentar os mesmos sintomas da doença.
Quais as áreas de risco que exigem a vacinação no Estado?
Em 28 cidades do Extremo-Oeste (confira na página ao lado).
Por que esses municípios estão sob risco?
É uma área de transição epidemiológica. O vírus tem circulado, eventualmente, por macacos e bugios. O último caso de febre amarela em pessoas nessa região ocorreu na década de 1960.
Quem viaja para outras regiões do Estado precisa se vacinar?
Não.
Quando deve ser feita a vacina?
Pelo menos 10 dias antes da viagem.
Quem vai às praias de Santa Catarina precisa tomar a vacina?
Não. Não há registro do vírus da febre amarela no litoral brasileiro.
O que torna uma região passível de risco?
Matas, umidade, calor e a presença dos mosquitos transmissores.
Países onde não existe a febre amarela podem exigir a vacina de brasileiros que para lá viajam?
Depende de cada país. A Austrália, por exemplo, exige. Os Estados Unidos não. Quem for para um país que exija, deve fazer a carteira internacional de vacinação. Na Capital, pode ser obtida no aeroporto Salgado Filho, mediante comprovação da vacina.
Por que a doença voltou a se manifestar no Brasil?
É um engano. Ela nunca saiu do Brasil. Ela aparece em séries históricas, de cinco em cinco anos ou de sete em sete anos, com picos de incidência que dependem do contato de humanos com a floresta.
Usar repelente contra mosquito evita contrair a febre amarela?
O melhor é ser vacinado. O repelente ajuda, diminui o número de mosquitos que vão picar a pessoa. Mas a vacina é indispensável para quem entrar numa área de risco.
Quais as chances de sobrevivência de quem contrai a doença?
Nos casos notificados aos órgãos de saúde, a mortalidade é de 51%.
Por que se chama amarela?
Porque um dos sintomas é a icterícia, que deixa várias partes do corpo, como olhos, pele e língua, em tom amarelado.
A doença passa de pessoa para pessoa?
Não. A doença é sempre transmitida pelo mosquito.
Pode faltar vacina nos postos de saúde?
Não deve faltar. Pode ter faltado em algum município, mas foi devido a erros na distribuição.
As filas são necessárias?
Não. Há um anseio popular em busca da vacina. O problema é definir quem realmente precisa da imunização. Em situação normal, o consumo é muito menor do que o registrado nos últimos dias nos postos e unidades de saúde.
A dois meses de vencer a vacina, deve-se tomá-la de novo?
A vacina tem cobertura total de 10 anos. Mas não há problema em repeti-la caso faltem dois meses para vencer o prazo.
Fontes: Diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) da Secretaria Estadual da Saúde, Francisco Paz, e Ministério da Saúde
Seis motivos para não entrar em pânico
O Ministério da Saúde apresenta seis razões para tranqüilizar a população:
1- Não existe risco de epidemia no Brasil. Nas regiões onde o vírus circula, mais de 90% da população é vacinada.
2- O alerta surgiu no final do ano, em função das mortes de macacos em Goiás e no Distrito Federal. Elas podem indicar a possível infecção de humanos que entram nas matas.
3- Todos os casos notificados de suspeita de febre amarela silvestre são de pessoas que teriam sofrido a infecção nas matas de Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Minas Gerais e Rondônia.
4- A vacina é recomendada apenas para os moradores das áreas de risco. Ou para quem pretenda viajar a essas localidades. Ela oferece proteção por 10 anos. A revacinação antes do prazo é perigosa.
5- Santa Catarina tem uma área de transição do vírus de febre amarela silvestre. Pelo acompanhamento histórico, o vírus eventualmente circulou na região. Atualmente, porém, não há indícios de que ele esteja em atividade.
6- Não há registros de morte de macacos por febre amarela no Estado desde os anos 1960. O oeste é considerado área de transição por causa da proximidade com o Rio Grande do Sul, onde houve um caso em 2001
Locais de vacinação na Capital: De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h:
Policlínica do Estreito (R. Heitor Blum, 521) Policlínica do Centro (Av. Rio Branco, 90), Trindade (ao lado do Terminal de Integração da Trindade), Agronômica (R. Rui Barbosa, s/nº, ao lado da Escola Básica Pe. Anchieta), Ingleses (Travessa dos Imigrantes, nº 135), Canasvieiras (Rod. Francisco Faustino Martins, s/n, próximo ao Terminal de Ônibus e ao Ilha Shopping), Lagoa da Conceição (R. João Pacheco da Costa, 255), Itacorubi (Rod. Amaro Antônio Vieira, 2260), Fazenda Rio Tavares (Rua do Conselho Comunitário), Saco dos Limões (R. Aldo Alves, s/n, em frente ao nº 233)
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde
Para o seu filho ler
A febre amarela é uma doença transmitida por um mosquito. Ela tem esse nome porque as pessoas ficam com a pele e os olhos amarelados quando a doença é muito grave. O doente tem febre, dor e pode até morrer.
A doença provavelmente começou na África. O mosquito que a transmite chegou ao Brasil nos navios que traziam os escravos. A primeira vez que alguém ficou doente aqui foi em 1685, em Pernambuco.
A vacina contra a febre amarela só foi descoberta em 1930. Hoje, quem toma essa vacina fica livre da doença por 10 anos. Mas veja bem, só precisa tomar a vacina quem mora ou vai viajar para uma região de risco. Florianópolis não é uma região de risco. Mas, se você for viajar com seus pais para algum Estado onde exista a doença em macacos, é necessário tomar a vacina.
Raio X da doença
Fonte: Diário Catarinense - 18-01-2008