A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença que diminui a capacidade de respiração. Degenerativa e incurável, engloba um conjunto de alterações pulmonares, entre elas a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. A DPOC tem forte relação com o tabagismo, uma vez que cerca de 90% dos portadores fumam ou já fumaram, conforme explica a presidente da comissão de DPOC da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Maria Vera Cruz Castellano. É a quinta doença mais letal do Brasil e atinge cerca de 6 milhões de pessoas, matando, a cada ano, aproximadamente 30 mil. Ou seja, faz três vítimas fatais por hora. Outro dado assustador: as mortes atribuídas à doença aumentaram 65% na América Latina na última década.
Os não-fumantes também podem adquirir a doença. Além de evitar a exposição passiva ao cigarro, é recomendado não se expor em ambientes próximos com fogão a lenha, por exemplo. A fumaça da combustão do carvão é maléfica à saúde e está presente em 10% dos casos de portadores de DPOC.
Outra comprovação é de que na zona rural há maior número de casos da doença devido ao elevado índice de fumantes na região. “No interior, as pessoas, principalmente mulheres e crianças, se expõem demais à fumaça de fogão a lenha. Outro problema é que são adeptos do cigarro de palha, do cachimbo, do charuto, tão nocivos quanto o cigarro manufaturado”, esclarece José Eduardo Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
Outras determinantes para o desenvolvimento da DPOC são a herança genética e a deficiência de uma enzima chamada alfa 1 antitripsina, responsável por bloquear o efeito de substâncias destrutivas do pulmão.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir de exame clínico e identificação de sintomas. “No início, há uma discreta falta de ar, mas, aos poucos, começa a atrapalhar o indivíduo nos mínimos esforços”, esclarece Maria Vera Cruz Castellano.
Cansaço ao tomar banho, até ao escovar os dentes e em outras ações comuns do dia-a-dia, podem ser sintomas da DPOC.
Os especialistas fazem um alerta: “é aconselhável que os fumantes não esperem as alterações respiratórias aparecerem. Muitas vezes, a doença é assintomática. Por isso, indicamos que aqueles que fumam há mais de 20 anos façam um teste de função pulmonar”.
A DPOC tem maior prevalência na população acima de 50 anos. Um dos grandes problemas para seu enfrentamento é a falta de informação. Por desconhecer a doença, na maioria dos casos, pode haver um diagnóstico tardio.
Uma vez diagnosticada, a tendência é que a DPOC evolua cada vez mais. “Por se tratar de uma doença crônica e irreversível, o objetivo essencial é fazer com que o portador pare de fumar. Isso não significa que a doença será revertida, mas impede que ela progrida”, pondera o José Eduardo Cançado. “O que está lesado não é recuperado”, completa a Maria Vera.
É importante eliminar fatores de risco e evitar doenças que agravem sua condição, como a gripe. Conforme a gravidade, os pacientes são submetidos a medicamentos que amenizam os sintomas e facilitam a respiração, como o uso de medicações broncodilatadoras, de preferência inalatórias, como bombinhas, que dilatam os brônquios e possibilitam uma melhoria na qualidade de vida do individuo
Prevenção
O ideal para evitar a doença no caso dos fumantes é cessar o tabagismo, ou pelo menos estar atento às mínimas alterações respiratórias. “Órgãos governamentais deveriam investir em campanhas de conscientização, para que a população fosse informada sobre os riscos e malefícios do cigarro, assim como sobre a relevância de um constante acompanhamento da saúde respiratória”, defende Maria Vera.
No ano passado, foi publicado um protocolo sobre a parceria da SPPT com a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que possibilitou ao governo disponibilizar medicamentos para o tratamento da DPOC. “Os medicamentos que os postos de saúde disponibilizavam eram usados há 30 anos. Agora, o governo oferece medicações mais eficazes e de tratamento preciso. Para isso, o individuo passa por um centro de referência, no qual é prescrita a medicação necessária. Tudo gratuitamente”, explica o presidente da SPPT.
Aqueles que apresentam queixas de falta de fôlego e de ar devem fazer exame de espirometria, que consiste em medir a capacidade pulmonar. Somente esse método pode identificar e definir a gravidade da DPOC.
Fonte: Acontece Comunicação e Notícias - 30/01/2008