15-02-2008 - Casos de HIV: Aids é descoberta tarde - 43% das pessoas fazem diagnóstico após tempo ideal

Relatório divulgado ontem pelo Ministério da Saúde mostra que 43,7% das pessoas de 15 anos ou mais que são portadoras do HIV fizeram um diagnóstico da doença tardiamente. Os dados foram coletados entre 2005 e 2007. Desse total, 28,7% estavam em estado grave de saúde e morreram logo no início do tratamento.
“ Esse dado mostra que ainda temos muito o que fazer para melhorar a detecção da doença ”, afirmou a coordenadora do Programa nacional de DST-Aids, Mariângela Simão.
A coordenadora acredita que o estigma e discriminação de viver com HIV associados a desigualdades regionais e pobreza são fatores que influenciam nesse resultado. No caso de pacientes com mais de 60 anos, a chance de o diagnóstico só ocorrer tardiamente é de praticamente 60%, de acordo com o relatório.
O trabalho considerou como “ diagnóstico tardio ” o que ocorre quando o paciente apresenta sintomas de doenças ligadas à Aids ou tem constatado, em exame, um sistema imunológico já comprometido. O relatório mostra ainda uma redução de 26% nos gastos de medicamentos anti-retrovirais no período de 2006 para 2007. Ano passado foram gastos R$ 710 milhões e em 2006, R$ 960 milhões.
Essa economia ocorreu mesmo com o aumento do número de pacientes que usam os remédios antiaids e é atribuída à negociação de preços com laboratórios multinacionais, à licença compulsória e também à queda do dólar.
Pedro Chequer, representante do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids) no Brasil, explicou que “ a proporção de pessoas com HIV que iniciam o tratamento tardiamente é similar aos achados em outros países, como Espanha, Inglaterra e Estados Unidos, que apresentam taxas que variam entre 15% e 45% ”.
Para tentar reverter essa situação, o governo ampliou o acesso aos testes rápidos em aproximadamente 140% (de 510 mil exames em 2005 para mais de 1 milhão em 2007).

Fonte: Jornal A Notícia - 15-02-2008


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