18-02-2008 - Os mitos por trás do jejum

A dúvida geralmente surge depois de ir ao médico e ele pedir uma série de exames de sangue: é fundamental estar em jejum ou não para colher o material? Nem sempre. O tipo de teste sangüíneo mais solicitado, o hemograma, dispensa o sacrifício. Menores de seis anos também estão livres da abstinência em qualquer análise de sangue.
Os laboratórios brasileiros exigem o jejum em apenas dois exames - o de glicose e o de triglicerídeos. Porém, as pesquisas médicas e os avanços técnicos trazem mudanças.
- As taxas se alteram com a alimentação, mas os valores elevados podem indicar a predisposição para infarto, derrame e outras doenças cardiovasculares. No futuro, os testes sangüíneos serão realizados sem necessidade de dieta - acredita o endocrinologista Reginaldo Albuquerque.
Apesar do progresso das técnicas laboratoriais, a dosagem do ferro e de três hormônios - cortisol, ACTH e TSH - exige a coleta no período da manhã, mesmo sem jejum.
- O corpo é regulado pelo ritmo circadiano, com variações fisiológicas durante o dia e à noite, e essas substâncias atingem o pico ideal pela manhã - explica a bioquímica Lídia Abdalla.
Testes de ferro, ACTH e TSH são feitos até as 10h. O de cortisol é rigoroso: a primeira retirada deve ser às 8h e a segunda, às 16h. 
 
Tire suas dúvidas
- O jejum de 12 horas influencia as taxas de triglicerídeos e colesterol?

Com respeito ao teste de colesterol, a resposta é não. Quanto aos níveis de triglicerídeos no sangue, a alimentação altera os seus valores, mas é preferível que o exame seja feito sem jejum. É o que indica um estudo publicado na edição de julho do Journal of the American Medical Association (JAMA). Quatro pesquisadores norte-americanos identificaram que, mesmo depois das refeições, os resultados elevados desse tipo de lipídios revelam a predisposição do paciente para doenças cardiovasculares.
- A glicemia em jejum traz o diagnóstico mais preciso para mensurar as taxas de glicose na corrente sangüínea?
Não. As determinações mais valiosas devem ser realizadas duas horas após as refeições. Valores acima de 140 mg/dL fazem o diagnóstico de intolerância à glicose e acima de 200 mg/dL, de diabetes. Essas determinações, chamadas pós-prandiais, também têm maior valor preditivo para doenças cardiovasculares. A nova premissa faz parte do estudo divulgado pelo JAMA.

Fonte: Reginaldo Albuquerque, endocrinologista com especialização pela Universidade de Londres - Jornal de SC - 18-02-2008 


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