20-02-2008 - Rafaella veio, viu e venceu

Os 57 centímetros já ostentam cinco quilos e deixam até as dobrinhas nas coxas em evidências. Rafaella, a menina catarinense que nasceu para desafiar a ciência pode ser um dos bebês brasileiros vivos que menos tempo permaneceu no útero da mãe: apenas 22 semanas. A pequena deixou a UTI neonatal há pouco mais de três meses.
Em casa, prestes a completar nove meses, ela mostra suas manias: não dorme no escuro, mas faz questão de segurar um travesseiro sobre os olhos. E é fã de frutas e sopinhas. Choro? Só quando bate a fome.
Para os pais, Cristina e Luciano, Rafaella Quinapp Silveira é considerada um bebê normal, dentro de seus limites. Mas esperto. Gosta de um colo e não faz cara feia para visitas nem para as cinco medicações diárias. Devido aos cinco meses em que travou uma luta pela vida numa UTI neonatal, sua aparência ainda é a de um bebê de dois meses.

Difícil
Para a medicina, as chances de uma criança sobreviver com até 24 semanas de gestação são mínimas.
Embora seja considerada prematura até os dois anos de idade, nem de longe lembra a menina que nasceu um pouco maior que uma caneta esferográfica, quando a mãe estava no quinto mês de gestação. A idade gestacional foi contabilizada a partir do ultra-som realizado no parto, no Hospital Universitário (HU) da Capital, no dia 2 de junho do ano passado. Um bebê está pronto para nascer com 40 semanas.
Na casa alugada pelos pais, no Campeche, em Florianópolis, Rafaella é o centro das atenções. É a companhia do irmão Havel, nove anos, diante dos desenhos animados na TV. Segundo a mãe, ela paralisa com as mudanças de cores na tela. Por ainda ter baixa imunidade, pouco sai de casa. Mas chega a ficar agitada e sorrir até para desconhecidos quando a família a leva para dar uma voltinha, mesmo que seja até o posto de saúde.
Também é ela quem tira todos da cama cedo. Às 6 horas, está com fome. Mas volta a dormir lá pelas 8 horas. Espera o pai chegar em casa, após o trabalho, no fim do dia. Aí, as atenções são voltadas para ele.
Cristina diz ainda é cedo para saber se terá seqüelas. Pelo menos do oftalmologista e do cardiologista já teve alta. Amanhã será a vez de fazer o teste de audição.
Os pais da catarinense que nasceu com apenas 535 gramas acreditaram que o "feto", como era chamada, não resistiria. A surpresa veio no momento do parto, quando ela chorou. Cristina, 31 anos, teve uma gravidez tranqüila. Mas no quinto mês de gestação a bolsa rompeu. O bebê teve uma parada cardíaca com 48 horas de vida e passou por uma cirurgia do coração. Para alimentar-se, recebia leite por sonda.
Na época, o diretor da maternidade do Hospital Universitário, Alberto Trapani destacou que a menina era uma vitoriosa por superar todas as complicações. Para a medicina, as chances de uma criança sobreviver com até 24 semanas de gestação são mínimas. O caso também foi considerado raro pelo presidente da Associação Catarinense de Pediatria, Remaclo Fischer.

Fonte: AN - 20-02-2008


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