26-02-2008 - Hipertensão: um mal que pode ser evitado

Responda rápido: qual foi a última vez que você mediu sua pressão?
Mas, por que é tão importante manter a pressão arterial sob controle? A hipertensão, ou seja, a elevação persistente da pressão a valores iguais ou maiores que 14 por 9, pode danificar diversos órgãos do corpo humano, como cérebro, rins, olhos e, principalmente, coração - não foi à toa que um simpático coraçãozinho foi eleito o garoto-propaganda do programa do governo federal.
Muitos nem sonham que têm problemas de pressão. A doença é silenciosa (tem poucos ou nenhum sintoma) e atinge a todos os grupos populacionais. Apesar do componente genético, o que eleva ainda mais o risco de desenvolver pressão alta são os hábitos de vida de uma pessoa e, por isso, a doença pode ser evitada.
Além da pressão alta, outros fatores associados podem levar a sérias complicações, sobretudo à doença cardiovascular.Quem consome grandes quantidades de sal, por exemplo, é candidato a ter pressão alta; consumo de cigarro e abuso de consumo de álcool, sobrepeso e obesidade, vida sedentária, aumento do colesterol e diabetes também são fatores de risco, que podem ser evitados.
É verdade que a hereditariedade também conta, mas pode ser compensada por rotinas saudáveis.
O resultado? Para a população, melhor qualidade de vida, bem estar, mais saúde, maior produtividade no trabalho e nas atividades do dia-a-dia. Para o Sistema Único de Saúde (SUS), menos gastos com o tratamento de doenças como infarto agudo no miocárdio, derrames (acidente vascular cerebral), insuficiência renal, insuficiência cardíaca, cegueira definitiva, abortos, entre outros. O descuido com a própria saúde mata 400 mil brasileiros, todos os anos (40% da população). E o Sistema Único de Saúde gasta R$ 11 bilhões por ano em internações e cirurgias (incluindo transplantes) por conta de doenças crônicas não transmissíveis.
“O nosso maior desafio é conseguir mudar os hábitos da população em direção a um estilo de vida mais saudável. Sabemos que a informação é o primeiro passo para que isso seja possível”, explica Rosa Sampaio, coordenadora nacional da Política de Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, do Ministério da Saúde. “O trabalho de mídia é fundamental. Mas não pode ser um trabalho pontual. O governo deseja fazer com que essa campanha seja permanente - como já acontece com outros programas de sucesso, como aids e doação de órgãos para transplantes”, explica.

risco de morte
Uma das maiores preocupações do ministério da Saúde é esclarecer à população que hipertensão não é “uma doença de homens”. Rosa Sampaio lembra que a pressão alta e suas complicações também são a principal causa de morte entre as mulheres: “Quando não causa a morte, a hipertensão arterial pode levar a outros problemas - como lesões renais, acidente vascular cerebral, doença isquêmica do coração, entre outras que comprometem a qualidade de vida não apenas do paciente, mas de toda a família. Imagine para as crianças o que é perder a mãe ou vê-la parcialmente inválida, por uma doença que pode ser perfeitamente evitada”, afirma.

Doença atinge cerca de 35% da população acima de 40 anos
Só no continente americano, a hipertensão ataca cerca de 140 milhões de pessoas. Metade delas desconhece ser portadora da doença. Dos que descobrem que são hipertensos, 30% não realizam o tratamento adequado, por falta de motivação ou recursos. No Brasil, estima-se que 35% da população acima de 40 anos tenham hipertensão. São cerca de 17 milhões de brasileiros. Desses, 75% dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para atender os portadores da doença, o SUS oferece o Programa Nacional de Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. Ele compreende um conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento da hipertensão e suas complicações. O objetivo é reduzir o número de internações, a procura por pronto-atendimento, os gastos com tratamentos de complicações, aposentadorias precoces e mortalidade cardiovascular, com a conseqüente melhoria da qualidade de vida dos portadores.
As ações do programa são desenvolvidas principalmente por meio da atuação das equipes de Saúde da Família. Para isso, o programa realiza a capacitação dos profissionais de saúde para fazer o diagnóstico precoce, identificar os fatores de risco, prescrever medicamentos adequados e orientar a população para adoção de hábitos saudáveis. Os casos mais graves que não possam ser resolvidos na rede básica são encaminhados aos especialistas da rede pública (localizados nos hospitais ou centros especializados) para um tratamento mais adequado.

Medicamentos
A distribuição de medicamentos é outra ação na atenção aos hipertensos. O Ministério da Saúde é responsável pela aquisição e fornecimento aos municípios dos medicamentos hidroclorotiazida 25mg, Captoptil 25mg e Propanolol 40mg. A determinação é da portaria nº 371/GM, de março de 2002, que criou o Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus e o HIPERDIA (sistema informatizado de base nacional que cria o cadastro nacional de diabéticos e/ou hipertensos). Para receber a medicação, o paciente deve ser cadastrado nas unidades básicas de Saúde. Em 2004, foram gastos R$ 56 milhões com a compra dos três medicamentos de hipertensão previstos no programa. A estimativa para este ano é de um gasto de 93,2 milhões.

Fatores de Risco
A hipertensão e a maioria das doenças crônicas não transmissíveis têm como principais fatores de risco o sobrepeso e a obesidade e o sedentarismo. Estima-se hoje que cerca de 38 milhões de brasileiros com mais de 20 anos estão acima do peso. Dados de 2003 mostram que o excesso de peso afetava 41,1% dos homens e 40% das mulheres, sendo que, deste grupo, a obesidade atingia 8,9% dos homens e 13,1% das mulheres adultas. Os resultados fazem parte da 2ª etapa da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 (POF) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo aponta ainda que o excesso de peso dos brasileiros está relacionado ao aumento do consumo de alimentos industrializados e também pela ingestão de grande quantidade de açúcar e gordura.

Sedentariasmo
O sedentarismo é outro fator de risco importante para o desenvolvimento de doenças crônicas. Estudos mostram que a inatividade física é prevalente em mulheres, idosos e pessoas de baixo nível social. Levantamento deste ano da Sociedade Brasileira de Cardiologia afirma que 83% da população é sedentária. A Estratégia Global para Dieta, Atividade Física e Saúde da OMS recomenda pelo menos 30 minutos de atividade moderada, na maioria dos dias de semana, para reduzir os riscos de doenças crônicas.
 
Fonte: Gazeta de Joinville - 26-02-2008


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