11-03-2008 - Parlamentar fiscaliza hospitais da Grande Florianópolis

As denúncias sobre o estado dos hospitais públicos de Santa Catarina, em especial na região da Grande Florianópolis, continuam na pauta da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa. Na condição de vice-presidente da comissão, o deputado Jailson Lima (PT), que abordou recentemente o assunto em Plenário, tomou a iniciativa de buscar esclarecimentos e providências para o problema, considerado emergencial. Jailson esteve no Hospital Florianópolis dia 26 para fiscalizar e conversar com alguns funcionários sobre o atendimento prestado pela instituição. Ao percorrer as dependências do hospital, Jailson constatou que a situação vai além da falta de funcionários. “A estrutura física também está deficitária”, observou. Durante a visita, o parlamentar foi recebido pelos médicos Antonio César Pereira, responsável pelo setor da Emergência, e Vânio Lisboa, chefe da Unidade Intensiva de Terapia (UTI). O hospital possui aproximadamente 90 leitos. “A falta de médicos compromete o atendimento de qualidade. Da totalidade de leitos, nove pertencem ao setor da emergência, que trabalha atualmente com um clínico geral por plantão noturno. Cerca de 80% do atendimento do hospital é direcionado ao clínico médico. É inviável atender a todos”, explicou Pereira.

Problemas aumentaram com demissão de médicos
O médico Antônio César Pereira revelou que a instituição vem sofrendo sérios problemas há nove meses, desde a demissão de 10 médicos temporários, em junho de 2007. De acordo com o responsável interino pela Emergência do hospital é necessário o mínimo de oito médicos para a escala noturna e dois para o atendimento diário. “Vivemos uma rotina de 12 horas no plantão sem tempo para uma refeição adequada, higiene pessoal e ainda estamos sujeitos a agressões físicas e verbais por familiares revoltados com o atendimento, desabafou. Ao explicar os problemas enfrentados pelo hospital, Pereira destacou também que a falta de profissionais impossibilita que os médicos do hospital participem de congressos, cursos, entre outros eventos que possam trazer benefícios para a instituição. “Temos profissionais na área da saúde aprovados em concursos para serem chamados e até agora nada”, comentou.

Perícia
O deputado licenciado e atual Secretário de Estado da Saúde, Dado Cherem, esteve na Assembléia dia 26 e falou sobre a proposta do Ministério Público de realizar uma perícia para averiguar se há defasagem no número de funcionários dos hospitais. “Caso sejam detectadas falhas serão feitas as devidas reparações. O Conselho Regional de Medicina (CRM) diz que é necessária a contratação de 368 novos funcionários, mas creio que a perícia irá comprovar que os números são equivocados. A relação de funcionários por leito nos hospitais estaduais é maior do que na iniciativa privada”, afir rmou. Segundo o secretário, cerca de 55 pessoas foram chamadas depois da realização do concurso público. “Muitos candidatos não ocupam as vagas por não ter os títulos necessários para a sua efetivação.
Um concurso foi realizado e, a princípio, seriam chamados 900 funcionários, mas o número superou os 1.200. Até o final do ano chegará a 2 mil.” Cherem também considerou a necessidade de novos leitos em municípios como Palhoça, Biguaçu e Florianópolis, onde a população duplicou. “Mas o ideal seria a construção de mais hospitais”, afirmou. (colaborou Denise Arruda Bortolon)

Audiências públicas vão ajudar no diagnóstico
Diante das palavras de desabafo, Jailson Lima se comprometeu, através do Parlamento catarinense, em promover uma audiência pública após visitas aos hospitais da região. “Vamos sensibilizar o governo do Estado”, destacou. Com relação à afirmação de que existem profissionais aprovados em concursos que não foram chamados, Jailson afirrmou que vai convocá-los para a audiência pública. Em sua visita aos vários setores do hospital, Jailson teve a confirmação que a situação é grave e tende a piorar com o quadro de funcionários atual, já que a Clínica Médica atualmente apresenta uma lotação diária. Ao conversar com o parlamentar, Lisboa, chefe da UTI, apresentou um ponto positivo diante de um cenário considerado assustador. “Temos bons equipamentos para uma população carente que realmente necessita de atendimento, mas a falta de profissionais nos deixa de braços atados em um setor que precisa se manter ativo a todo instante.”

Fonte: Jornal da Assembléia Legislativa - AL - 11-03-2008


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