19-03-2008 - Borra de café pode matar transmissor da dengue

Pesquisa realizada pela bióloga Alessandra Laranja e pela professora Hermione Bicudo, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), aponta que a borra de café pode matar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
A pesquisa teve início a partir da descoberta de que a cafeína, uma das substâncias tóxicas encontradas no café, causa problemas na reprodução da mosca drosófila, mais conhecida como "mosca da fruta".
As pesquisadoras decidiram então fazer o teste em larvas do Aedes aegypti e a experiência deu certo. "A cafeína não deixa a larva prosseguir no desenvolvimento, porque o Aedes aegypti é um inseto holometábolo, ou seja, tem as fases do ovo, de larva, de pulpa e adulto. Se a larva não se desenvolve até a pulpa, ela nunca vai virar um adulto. Então, o que a borra do café faz é um bloqueio do desenvolvimento da larva", explica Hermione Bicudo.
A vantagem de usar a borra do café como alternativa, segundo a professora, é que o produto não mata a planta e pode ser usado como adubo, ao contrário de substâncias como cloro, sal e inseticidas.
Para preparar o inseticida alternativo, basta colocar quatro colheres de sopa cheias de borra de café em um copo com água. "É preciso trocar a borra de café a cada sete dias, pois após este período, a cafeína perde seu efeito", explica Hermione.
Dados do Ministério da Saúde apontam que a estimativa da Organização Mundial (OMS) é de que entre 50 e 100 milhões de pessoas sejam infectadas pela doença anualmente em mais de cem países, exceto os da Europa. Aproximadamente 20 mil morrem em conseqüência da dengue e cerca de 550 mil doentes precisam de hospitalização.
No Brasil, o Programa Nacional de Controle da Dengue, implantado em 2002, prevê a elaboração de programas permanentes, uma vez que não existe nenhuma evidência técnica de que a erradicação do mosquito seja possível a curto prazo.
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, no primeiro semestre de 2004, verificou-se no país uma redução de 73,3% nos casos da doença, em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram notificados 84.535 casos, contra os 299.764 de igual período em 2003.

Fonte: Ministério da Saúde - 19-03-2008


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