26-03-2008 - Plano de prevenção à Aids é lançado no País

O Ministério da Saúde lançou ontem um plano específico de enfrentamento da Aids entre gays e travestis. As medidas tentam atender a antigas reivindicações de organizações não-governamentais e barrar uma tendência preocupante: o aumento de casos da doença entre gays jovens.
Em 1996, relações homo ou bissexuais respondiam por 24,8% da forma de contaminação entre jovens de 13 a 24 anos. Em 2006, esse percentual havia subido para 41,1%. O número de casos provocados em relações heterossexuais também aumentou no período, mas de forma menos acentuada. Em 1996, ela respondia por 21,5% do total de casos entre 13 e 24 anos. Dez anos depois, passou para 32,6%.
Além das medidas, foram feitos 100 mil cartazes adesivos e 500 mil fôlderes especialmente para o público gay, que deverá ser distribuído em locais específicos, como saunas e bares. No cartaz, está estampado a figura de um homem nu, deitado sobre um leito de preservativos. Foi produzida também uma versão de folhetos explicativos para o público gay.
No lançamento da campanha, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse estar convicto de que a iniciativa irá desagradar a alguns setores da sociedade. “Não vamos nos iludir. Há ainda muito preconceito, muito fundamentalismo. Mas estamos do lado da razão neste processo”, afirmou.
O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais, Toni Reis, afirmou que o preconceito se reflete até mesmo no uso de recursos para prevenção da Aids. “Somente 3% dos recursos de prevenção são destinados a ações gays. Na região Norte, esse público recebe apenas 1,7% de todo recurso de prevenção. Na região Sul, 1%. O maior percentual é encontrado no Sudeste – mas ainda bem aquém do que é preciso: 4%”, informa.
A população homossexual tem vulnerabilidade 11 vezes maior de se infectar pelo HIV do que a heterossexual. O risco de adoecer também é mais elevado: 18 vezes maior que os heterossexuais. Para Mário Scheffer, do Grupo pela Vidda, são indispensáveis ações específicas para o público gay. “Mensagens gerais são importantes. Mas não é suficiente.”

Fonte: AN - 26-03-2008


  •