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08-04-2008 - O mundo todo contra o câncer

Em um exame de rotina, no início de 2006, Sarah Pereira Back, na época com 35 anos, descobriu dois nódulos na tireóide. Após a biópsia, veio o resultado tão temido: um deles era câncer.
Com dois filhos para criar e terminando a faculdade de Direito, Sarah levou um grande susto. Durante a cirurgia foram descobertos mais três focos da doença, e a glândula teve de ser totalmente extirpada.
Depois de tudo o que passou, ela decidiu ajudar outras pessoas que vivem o mesmo drama. Ingressou na Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc), em Florianópolis, da qual é a atual presidente.
Hoje, no Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, Sarah Back e as demais voluntárias da Amucc estarão nas ruas e escolas da Capital alertando as pessoas sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para a cura do câncer – doença que, segundo estimativas do Instituto Nacional de Controle do Câncer (Inca) deverá ter 466.730 novos casos no Brasil em 2008. O número é ligeiramente inferior ao registrado no ano passado – de 472.050 novos casos.
O câncer ocupa hoje a segunda colocação no número de mortes no país, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os de próstata e de pulmão no sexo masculino e os de mama e colo do útero, no sexo feminino.

Associação atua na defesa dos direitos do paciente
Sarah Back relembra que durante seu tratamento precisou de um medicamento que custava R$ 7 mil a ampola. Como não tinha este dinheiro, recorreu ao departamento jurídico da Amucc para consegui-lo através do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 15 dias já estava fazendo uso da medicação.
– Foi assim que conheci o trabalho importantíssimo da associação, que atua em todas as frentes, desde o atendimento psicológico do doente até a defesa de seus direitos na justiça (auxílio-doença, aposentadoria, saque do FGTS, isenção de impostos e outros) – contou.
Hoje, durante todo o dia, as voluntárias da Amucc farão um trabalho de conscientização nas ruas e também palestras em hospitais da Capital. Para o próximo dia 18, está sendo organizado um café colonial, que integrará médicos, pacientes e familiares, com renda revertida para os projetos da associação.

Novos casos*
No Brasil

Pele (não melanoma) 115 mil
Próstata 49 mil
Mama feminina 49 mil
Pulmão 27 mil
Cólon e reto 27 mil
Estômago 22 mil
Colo do útero 19 mil
Total
231.860 para o sexo masculino
234.870 para sexo feminino
No Estado
Homens
Pele (não melanoma) 4.020
Próstata 1.640
Traquéia, brônquio e pulmão 950
Estômago 650
Cólon e reto 430
Cavidade oral 350
Esôfago 440
Leucemias 210
Pele (melanoma) 260
Outras 1.160
Total geral 10.110
Mulheres
Pele (não melanoma) 2.680
Mama feminina 1.610
Colo de útero 510
Cólon e reto 510
Traquéia, brônquio e pulmão 360
Estômago 280
Leucemias 170
Cavidade oral 30
Pele melanoma 250
Esôfago 110
Outras localizações 1.890
Total geral 8.450
* Os números são uma expectativa de casos de câncer em 2008
Fonte: Inca

                                                           
                                                             Tabela do SUS é desatualizada

Mas se ficar doente já é dramático o suficiente, para pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) o problema é ainda mais grave. Segundo o médico Leopoldo Alberto Back, coordenador de oncologia do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), a estrutura do SUS em relação aos doentes de câncer é falha. Lembra, por exemplo, que a tabela da autorização para procedimentos de alto custo (APAC) é a mesma há dez anos.
Ele explica que muitas drogas que surgiram nos últimos anos para o combate à doença não são contempladas na tabela, e não podem ser receitadas pelos médicos.
Outro problema apontado pelo especialista é a quantidade de processos entre a primeira consulta e o diagnóstico definitivo. Por exemplo: em um exame simples de raio-X é detectado um nódulo no pulmão. Este paciente precisa, então, marcar uma consulta com um especialista, o que pode demorar meses. Este, por sua vez, pede exames mais complexos, como tomografia e biópsia, que também demoram muito para serem marcados.

Mais:
Aumento ligado a envelhecimento

Fonte: Diário Catarinense/AN - 08-04-2008


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