30-04-2008 - Comissão da Câmara discute epidemia de dengue

Especialistas em saúde afirmaram nesta terça-feira, dia 29, que a epidemia de dengue no Brasil tende a ser mais intensa entre as crianças nos próximos anos, consolidando a tendência verificada em 2008. Isso ocorre porque os adultos das áreas de incidência já tiveram contato com a doença em outras épocas e ficaram menos vulneráveis ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor.
Em audiência pública realizada pela Comissão de Seguridade Social e Família sobre a incidência da doença no estado do Rio de Janeiro, representantes do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e dos municípios de Duque de Caxias (RJ) e de Nova Iguaçu (RJ) declararam que a epidemia ocorrida neste ano no Rio foi especialmente agressiva (com muitos casos de morte) pelo fato de ter sido provocada pelo tipo 2 do vírus, que não se manifestava em grande escala na região há pelo menos sete anos.
Esse intervalo agrava a incidência sobre as crianças, por causa das características da doença. Quando uma pessoa é infectada por um dos quatro tipos de vírus, ela se torna imune a todos eles durante alguns meses e, posteriormente, mantém-se imune pelo resto da vida ao tipo pelo qual foi contaminado. Se ela voltar a ter dengue, dessa vez causada por um dos outros três tipos do vírus, haverá probabilidade maior de a doença ser mais grave que a anterior. Nos últimos sete anos, houve epidemias de outros tipos de dengue no estado, fazendo com que a reincidência do tipo 2 afetasse gravemente diversas crianças.
Dados apresentados pelo coordenador geral do Programa Nacional de Controle da Dengue da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, demonstram que houve uma redução de 10,81% dos casos notificados em todo o Brasil, comparando-se o período entre janeiro de abril de 2007 e 2008. No Rio de Janeiro, no entanto, a comparação demonstra um aumento de 214,83% dos casos, alcançando a incidência de 543,3 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.
O estado é especialmente vulnerável por concentrar algumas das principais características que favorecem a incidência da doença: clima tipicamente tropical; falha no abastecimento, que obriga uma parcela da população a armazenar água; grande fluxo de turistas; e produção excessiva de lixo urbano. "Apesar de tudo isso, é inegável que um bom atendimento de saúde evita mortes por causa da dengue", declarou o coordenador.
A audiência aconteceu a pedido da deputada Andreia Zito (PSDB-RJ), que lamentou a ausência de representantes do governo estadual do Rio de Janeiro e de sua capital. Ela defendeu o envolvimento de todas as esferas de governo e da população no combate à doença, já que o mosquito transmissor costuma se proliferar em áreas urbanas e residenciais, como jarros de plantas, poças de água, lixo acumulado e piscinas abandonadas.

Fonte: Agência Câmara - 30-04-2008


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