28-05-2008 - Imagens chocantes buscam inibir fumo

Governo federal e o Instituto Nacional de Câncer criam campanha em embalagens de produtos com tabacoNa tentativa de inibir o consumo de cigarro, o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) lançaram ontem em Brasília novas imagens de advertências para embalagens de produtos com tabaco.
Entre as novas ilustrações há um bebê morto dentro de um cinzeiro, uma cirurgia cardíaca, uma mãe e um filho assistindo à morte do pai e o cadáver de um fumante em uma mesa de necrotério.
As fotos e mensagens foram produzidas com base em um estudo sobre o grau de aversão que alcançam. As imagens foram co-elaboradas pelo Departamento de Artes & Design da PUC-Rio.
De acordo com o Inca, o Brasil foi o segundo país a adotar imagens de advertência como estratégia para diminuir a prevalência e evitar a experimentação do cigarro por jovens e adolescentes.
Desde 2001, os fabricantes de produtos de tabaco são obrigados, por lei, a inserirem advertências sanitárias ilustradas com fotos.
Para o garçom Emerson Sousa, 30 anos, de Florianópolis, as imagens são desagradáveis, mas não o estimularam a parar de fumar. Ele cobre a foto a cada maço de cigarro que compra.
O publicitário Alex Andrade, 28, de Florianópolis, também diz que a campanha é pouco efetiva. Para ironizar, já pensou em estampar as fotos da campanha em camisetas.
Também ontem, a Organização Mundial de Saúde (OMS) vai apresentar ao governo uma série de recomendações para aprimorar a política de controle do tabagismo. O documento contém censuras à política brasileira para o setor.

Preço do cigarro poderia ser usado como inibidor
O trabalho, preparado por uma equipe de 20 consultores, sugere que o país reveja a política de preços do cigarro e acelere a implantação de ambientes livres de fumo. Essas duas medidas, combinadas, são consideradas essenciais para reduzir e prevenir o tabagismo mundialmente.
Embora tenha exercido a liderança durante anos na adoção de combate ao consumo de cigarro, o Brasil ainda mantém dois pontos extremamente vulneráveis. O preço do cigarro brasileiro é um dos mais baratos do mundo, o que é um facilitador para o consumo do produto principalmente entre jovens. Há também grandes resistências para implantar a política de ambientes livres do cigarro. São poucos os locais no país onde fumar em locais fechados é proibido.
Para tentar driblar essa resistência e interpretações distintas sobre a legislação sobre o tema, um projeto de lei foi preparado proibindo totalmente o fumo em ambientes fechados. Apesar de ser defendido pelo Ministério da Saúde, ter sido apresentado no PAC da Saúde, o projeto está desde fevereiro em análise na Casa Civil.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, também por várias vezes defendeu o aumento do imposto sobre cigarros. Essa mudança agora está sendo analisada pelo governo, mas ainda enfrenta resistências para ser implantada.

Fique por dentro
O fumo é responsável por:
30% das mortes por câncer
90% das mortes por câncer no pulmão
97% do câncer da laringe
25% das mortes por doença do coração
85% das mortes por bronquite e enfisema
25% das mortes por derrame
50% dos casos de câncer de pele
Tóxico - O fumante inala 4.720 substâncias tóxicas em uma tragada. Dessas, 80 são cancerígenas
Mortes - O fumo provoca 200 mil mortes no Brasil por ano. No mundo são 3,5 milhões de mortes
Substâncias
Alcatrão: é altamente cancerígeno, dando início à formação de tumores
Nicotina: causa dependência química e diminui a chegada do sangue nos tecidos e no sistema nervoso central
Gravidez - A fumante grávida tem bebês com baixo peso e menor tamanho e com maior chance de apresentar defeitos congênitos
Taxa - O Brasil ocupa o nono lugar entre os países que mais taxam o cigarro no mundo
Fonte: www.targard.com.br e Ministério da Saúde

Fonte: Diário Catarinense - 28-05-2008


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