Em hospitais ou postos de saúde brasileiros, neste momento, é certo que um grande número de doentes esteja passando por dramas que muitos e muitos outros já enfrentaram ou com os quais ainda vão se defrontar no dia em que precisarem de socorro médico no Sistema Único de Saúde (SUS). Uma das mais recentes vítimas dessa falta de estrutura na saúde pública foi dona Beatriz Nair Leitão, de 79 anos. Moradora de Araquari, no Norte do Estado, ela teve de ser levada ao Hospital Regional de Joinville por causa de complicações ocasionadas pelo diabetes. Uma ambulância de Araquari se encarregou do transporte. O problema foi no retorno: em vez de voltar para casa numa ambulância, como o caso exigia, dona Beatriz, com curativos e cheia de dores, teve de ser levada para casa no carro de parentes. A história dela foi mostrada ontem por "A Notícia", que procura destacar sempre os muitos problemas que os cidadãos enfrentam nesta área.
Ao contrário da rede privada, no sistema público de saúde o que é serviço básico vira um privilégio, como o doente ser transportado por uma ambulância. Faltam médicos e faltam leitos nos hospitais públicos, onde as superlotações levam, com uma constância preocupante, as direções a apelarem até para o fechamento de prontos-socorros. Um procedimento que os hospitais Regional e São José, de Joinville, costumam adotar como forma de obrigar doentes que não sejam emergência a procurar os postos de saúde. Mas nos postos faltam remédios e médicos, e tudo volta a desaguar nos hospitais, num "eterno retorno".
Vivenciando tudo isso, como as pessoas não se revoltariam com propostas como a criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS)? Como os mais recentes números da arrecadação brasileira mostram, não é de falta de dinheiro que o País sofre. O problema parece ser o mau uso dos recursos, como a extinta CPMF - originariamente criada para abastecer a saúde pública - não deixa mentir. O reflexo no atendimento à população - principalmente a mais pobre - é direto e cria sucessivos dramas como o de dona Beatriz.
Fonte: Editorial do AN - 18-06-2008