A questão da violência contra os profissionais de saúde, os baixos salários da categoria médica e a precariedade no atendimento à população por conta das más condições de trabalho são alguns dos assuntos que os representantes dos 300 mil médicos em atividade no Brasil irão debater, de 25 a 28 de junho, em Canela/RS, no IX Congresso da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que será realizado no Hotel Laje de Pedra. Após os debates, a entidade elegerá sua diretoria para os próximos dois anos. O presidente será oriundo de um dos três estados da Região Sul, de acordo com o estatuto da Federação.
O presidente da Fenam, Eduardo Santana, chama a atenção para o processo de desvalorização do médico, crescente nos últimos anos, que envolve baixos salários e a falta de condições de trabalho, fazendo com que um profissional chegue a acumular três empregos ou até mais, com plantões que podem chegar a 14 horas, para, no fim do mês, ganhar dois mil reais. Só cerca de 17% dos médicos que atuam no Brasil têm apenas um emprego.
“Vou usar um termo forte, mas sentimos como se o médico estivesse sendo expulso do sistema de saúde deste país, porque, na medida em que você desvaloriza um profissional, você não o quer”, disparou Eduardo Santana. Ele lembrou ainda que um outro sério problema – a falta de médicos em unidades de saúde localizadas nas periferias das grandes cidades – está ligado a uma outra grave situação enfrentada pela categoria: a violência. “Em São Paulo, por exemplo, já houve tiroteio dentro de hospitais, sem contar os assassinatos de dois médicos em menos de um mês em Goiás e as ameaças em vários outros estados. Trabalhamos sob tensão, principalmente em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, onde bandidos armados podem invadir hospitais a qualquer momento”, lamentou.
O dirigente da Fenam crê que é preciso atrelar a defesa das teses da classe médica à defesa das necessidades da sociedade. “Minha expectativa é a de que a gente saia do Congresso da Federação Nacional dos Médicos com muita clareza para apontar soluções para esses e outros problemas, e que assim possamos devolver o médico à população com as suas reais necessidades”, explicou. Ele acrescentou que a saúde pública precisa ter médicos em todos os seus níveis, porque a população merece e o sistema tem a obrigação de disponibilizar profissionais qualificados para a sociedade, conforme sua necessidade e não a de alguns gestores. “A valorização do trabalho médico é fundamental para que essa devolução se dê e o congresso tenha esse tom”, completou.
Fonte: Imprensa Fenam - 23-06-2008