Florianópolis torna-se a primeira Capital do Sul do Brasil a sediar, a partir de hoje, um congresso nacional sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e Aids. O evento acontece a cada dois anos, está em sua sétima edição e começa nesta manhã no CentroSul. Na abertura oficial, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, irá falar sobre "os 20 anos do SUS e a construção da resposta brasileira à epidemia de Aids". Um público estimado em 4 mil pessoas é esperado no evento, que se encerra no sábado.
O tema escolhido para o encontro é Município-Mundo. O objetivo é explorar as diversas dimensões e abordagens entre o global e o local na formulação de respostas ao enfrentamento da epidemia e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
O evento é promovido pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estadual e municipal de Saúde.
Atividades culturais voltadas ao campo da prevenção serão realizadas durante todos os dias do evento: oficinas, mesas-redondas, conversas afiadas e trocas de experiências. Prevista também a apresentação de trabalhos.
Diante do cenário atual de globalização, o encontro quer proporcionar a seus participantes um espaço de reflexão crítica sobre os muitos significados e sentidos que o campo da prevenção construiu nesses anos para compreender e transformar os contextos de risco e vulnerabilidade das pessoas e coletividades.
Esforço para desenvolver vacinas vem desde 1992
Até sábado estarão em debate temas técnicos como Vacinas e microbicidas: Momento atual e perspectivas no cenário brasileiro. Esta discussão está marcada para a partir das 14h30min de quinta-feira.
Atualmente existem 23 países que realizam pesquisas clínicas de vacinas contra a Aids. Elas envolvem 25 mil voluntários em 46 tipos de diferentes de estudos.
No Brasil, o esforço para desenvolver vacinas contra a Aids acontece desde 1992 e conta com o apoio da comunidade científica e da sociedade civil, que atualmente integram os Comitês Técnicos Assessores de Vacina anti-HIV.
Desde 2001, sete estudos de vacinas preventivas e um estudo de vacina terapêutica para pessoas já infectadas tiveram início. Todas estas pesquisas no Brasil estão em fase inicial e contam com um orçamento prévio de R$ 4,8 milhões.
O evento
O que: 7º Congresso Brasileiro de Prevenção de DST e Aids
Quando: de 25 a 28 de junho
Onde: Centro de Eventos CentroSul, Florianópolis
Saiba mais
- Relatório da Towards Universal Access lançado no começo do mês pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que o Brasil está na liderança mundial do fornecimento de medicamentos anti-retrovirais (ARV) para pessoas vivendo com Aids
- O Brasil é um dos nove países entre 47 pesquisados que oferece a terapia a mais de 75% da população que dela necessita. Hoje, 184 mil pacientes brasileiros recebem o tratamento dentro do Sistema Único de Saúde (SUS)
- Para garantir esse acesso, o Ministério da Saúde promete investir R$ 984 milhões, ainda este ano, para a compra de 17 remédios: sete nacionais e 10 importados. Até o fim do ano, a previsão é de que 185 mil pessoas estejam em tratamento
O documento mostra que menos de um terço dos pacientes com Aids no mundo tem acesso aos remédios. Isto é, para as quase 3 milhões de pessoas que recebem tratamento, estima-se que haja outras 9,7 milhões sem medicamentos
- Desde 1996, com a publicação da Lei 9.313, o tratamento da Aids é assegurado gratuitamente, no SUS, a qualquer cidadão com a doença que viva no Brasil, seja brasileiro ou estrangeiro. Apesar de a lei ter sido publicada em 1996, os primeiros anti-retrovirais fornecidos pelo Ministério da Saúde foram o AZT (1991) e a Didanosina (1993)
- No Brasil, os ARV são comprados apenas pelo Ministério da Saúde e distribuídos na rede pública; não são vendidos em farmácias. Os medicamentos para infecções oportunistas e outras doenças sexualmente transmissíveis ficam a cargo das secretarias estaduais e municipais de Saúde
- Hoje, a doença ainda não tem cura, mas o tratamento garante mais qualidade de vida aos soropositivos. Ao fim do primeiro ano após a aprovação da lei, 35,9 mil pacientes recebiam os medicamentos. No fim de 2008, já deverão ser 190 mil pessoas em tratamento
- Uma série de indicadores dá idéia do impacto da política de acesso universal ao tratamento da Aids na saúde pública brasileira. Considerando a média de internações hospitalares por paciente/ano em 1996 (1,65 internação/ano), seria esperado um total de aproximadamente 1,6 milhão de internações relacionadas ao HIV e à Aids no SUS, entre 1997 e 2007, se não houvesse o tratamento
- Porém, nesse período, foram registradas 293.074 internações (redução de 82% em relação ao total esperado). Com o acesso à Terapia Anti-Retroviral (TARV), estima-se que mais de 1,3 milhão de internações foram evitadas
Fonte: Diário Catarinense - 25-06-2008