08-07-2008 - Saúde em Foco

A saúde na berlinda
A grave denúncia feita pela família de uma agricultura contra o médico Fernando Slovinski, por cobrar como se fora particular tratamento no Hospital Celso Ramos, que é público, acabou turvando o noticiário sobre fatos positivos registrados ontem na área da saúde hospitalar.
Veiculada pelo Jornal do Almoço, da RBS TV, a gravação contendo a denúncia chocou a opinião pública por se tratar do chefe do Departamento de Radiologia do hospital, por envolver um profissional bem relacionado na cidade e integrante de uma família tradicional do Estado. A Secretaria da Saúde instaurou sindicância para apurar a ocorrência, aí incluídos os indispensáveis esclarecimentos do médico.
Duas horas antes da denúncia ser divulgada, o governador interino Francisco Oliveira Filho inaugurava o novo acelerador linear de fótons e elétrons do Hospital de Caridade, que agilizará, tornará mais precisas e eficazes as aplicações de radioterapia para a cura do câncer. Ali são atendidos pacientes de Florianópolis e de outras regiões, com dados impressionantes. De acordo com relatório entregue na cerimônia, foram registradas, em 2007, 2.303 consultas e 81.643 aplicações. Com um detalhe: 90% dos pacientes recebem atendimento pelo SUS, dentro do mesmo padrão dedicado aos doentes de apartamentos particulares ou protegidos por planos de saúde.
A inauguração teve outros destaques: a integração histórica entre a comunidade e o hospital, ressaltada pelo governador interino Francisco Oliveira Filho. E as doações empresariais. Os vidros temperados usados nas janelas e portas automáticas foram dados por José Wittinrich, da Vidraçaria Santa Efigênia. E outro benemérito, o empresário Antônio Koerich, doou dois aparelhos de TV de LCD, geladeiras e poltronas para dar mais conforto aos pacientes que ali chegam fragilizados, humanizando as instalações.

Proibição
A decisão do Ministério Público e da Controladoria Geral da União, de proibir assistência médica de pacientes particulares ou com planos privados de saúde nos hospitais públicos, vem mudando a assistência médica na Capital. O primeiro reflexo: forte aumento da demanda nos hospitais filantrópicos, como o Caridade, pelos doentes com planos de saúde. O segundo ponto está sendo a perda de médicos especialistas dos hospitais públicos. Como estão sujeitos ao cartão ponto e impedidos da prestação de assistência particular, transferem-se para hospitais privados.
Há preocupação na Secretaria da Saúde com o futuro dos hospitais públicos, pela provável perda de qualidade no atendimento especializado. O perfil dos hospitais públicos está mudando. Na inauguração do Centro de Epilepsia do Hospital Celso Ramos, as autoridades vistoriaram o quarto andar. Ali existiam 10 apartamentos para pacientes com planos de saúde. Estão sendo transformados em 22 leitos para doentes do SUS.
Com isto, clínicas particulares transformam-se, aos poucos, em unidades hospitalares, dotadas até de UTI, justamente para atender a esta clientela. Mas na área pediátrica, a situação é dramática, pois inexiste infra-estrutura médico-hospitalar na área privada para a clientela particular ou com planos de saúde.

Fonte: Blog do Moacir Pereira/DC - 08-07-2008


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