22-07-2008 - Pacientes que denunciaram cobrança de exames em hospital público prestam depoimento

A Polícia Civil começa a ouvir nesta terça-feira os depoimentos de pessoas que denunciaram a cobrança indevida de exames pelo médico Fernando Slovinski no Hospital Celso Ramos, em Florianópolis.
Há cerca de duas semanas, a RBS TV apresentou reportagem em que o médico foi flagrado pedindo dinheiro a uma paciente por dois exames, cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o delegado Jeferson de Paula, responsável pelo caso, oito pessoas que registraram boletins de ocorrência serão ouvidas esta semana na Central de Polícia da Capital, além do diretor do hospital, Libório Soncini, que prestará depoimento na quarta-feira.
Nesta terça-feira serão ouvidas três vítimas, duas de manhã e uma à tarde. Na quinta-feira estão previstos dois depoimentos e na sexta, outros três.
Para a quinta-feira da próxima semana estão agendados três depoimentos, entre eles o do médico Fernando Slovinski.
A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito, instaurado esta semana.
No âmbito administrativo, a Secretaria de Estado da Saúde encaminhou caso para a Procuradoria-Geral do Estado.
Segundo a Procuradoria, esta semana será formada comissão administrativa, que tem prazo de 10 dias para iniciar os trabalhos após a publicação no Diário Oficial do Estado. A comissão vai ouvir o médico e as testemunhas de acusação e defesa. O processo deve ser concluído em 60 dias.

Paciente denuncia cobrança
Uma das vítimas que prestou depoimento na manhã desta terça-feira, e que não quis se identificar, disse que foi atendido pelo médico Fernando Slovinski dia 31 de agosto de 2006. Na ocasião, ele cobrou R$ 4,5 mil para fazer um procedimento para tratamento de coluna, hérnia e desgaste.
O paciente disse que, após pagar o valor pedido, tentou o ressarcimento com o convênio médico.
— Entrei com um processo e eles fizeram um relatório dizendo que não iam me pagar porque aquela técnica não era aceita, não tem ainda uma comprovação da sua eficácia dentro da área médica. Eu acabei ficando no prejuízo, porque não me adiantou em nada, tive que procurar outro médico e meu convênio não me ressarciu aquele dinheiro que eu paguei para ele no hospital.
O homem também contou que reclamou do valor com o médico, mas acabou pagando porque achou que gastaria mais dinheiro se fosse fazer o procedimento em uma clínica particular.
— Eu reclamei, achei um pouco caro, só que ele me disse assim: 'Aqui dentro do hospital tem uma turma de invejosos, que quer me tirar daqui, e se eu sair daqui você vai ter pagar muito mais caro, vai ter que fazer em uma clínica particular'. Eu, com dor, e diante do que ele me falou, no fim até acabei achando que estava fazendo um bom negócio.
O paciente pagou pelo procedimento em três parcelas. Segundo ele, no momento do pagamento o médico emitiu um recibo timbrado do hospital, mas o paciente não guardou o documento.
— O recibo timbrado não foi aceito pelo convênio (para o ressarcimento). Eles queriam um recibo com o timbre do médico. Eu comprei um bloco de recibo na livraria e levei para ele para trocar. Aí aquele recibo ele acabou rasgando, eu não tenho esse documento. Mas os outros exames eu tenho: a tomografia, o laudo que ele fez, tudo com o timbre do hospital.

Fonte: Diário Catarinense - 22-07-2008


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