31-07-2008 - A luta contra a Aids

O Brasil é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um exemplo em matéria de prevenção e combate à Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids). O grande mérito da estratégia brasileira é o de ofertar gratuitamente à população métodos preventivos como a camisinha e disponibilizar àqueles que contraíram o vírus HIV o acesso franco ao tratamento - o país conta hoje com 730 mil infectados, número modesto em relação ao total de brasileiros e em comparação com os percentuais de outros países.
No entanto, as vitórias contra este grande mal são ainda parciais e, embora o número de infectados venha diminuindo em alguns segmentos populacionais, como o dos que fazem uso de drogas injetáveis, em outros a doença vem ganhando terreno. Na década de 1980, a relação entre brasileiros infectados dos sexos masculino e feminino era de 28 homens para cada mulher.
Em 2007, passou para 1,5 homem para cada mulher. Também entre homossexuais do sexo masculino cresce o número de notificações. Os poderes públicos precisam estar atentos ao problema, adequando os programas de saúde à medida que se altere o perfil de incidência da doença. Em Santa Catarina, já foram notificados 19.757 casos, segundo a Vigilância Epidemiológica do Estado, e 8,5 mil adultos fazem atualmente uso de medicamentos para controlar a Aids.
A prevenção é, de fato, o melhor remédio. E prevenção significa também educação e informação, sendo fundamental que as novas gerações as recebam ainda na escola, antes mesmo de se iniciarem na vida sexual. Exatamente por falta de esclarecimentos, a Aids ganhou ao longo dos anos contornos de epidemia, e justo por ampliarem o acesso da população às informações é que muitos governos nacionais estão conseguindo reduzir o número de casos registrados anualmente. Em 2001, foram notificados no mundo 3 milhões de casos; em 2007, 2,7 milhões.
Trata-se, portanto, de uma guerra a ser vencida dia a dia. Felizmente, tanto o governo federal como os estaduais trabalham segundo esta linha, adotando o primeiro ações efetivas que por sua originalidade chegam a causar certa polêmica, caso da implantação em escolas de máquinas que disponibilizam preservativos. Neste sentido, acerta o governo ao colocar o problema da saúde pública acima das questões de cunho moral.
Cabe aos poderes públicos, e de resto a toda a sociedade, perseverar nos esforços de combate à Aids, atentando principalmente para o aumento do número de casos entre mulheres e para a situação de grupos que antes não se inseriam entre os mais atingidos, como os que já adentraram na terceira idade. O Brasil e Santa Catarina fazem muito bem a lição de casa, mas a luta é árdua, contínua e exigirá ainda muitos anos da dedicação de todos nós.

Fonte: Diário Catarinense/Editorial - 31-07-2008


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