Representantes do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Conselho Regional de Medicina e Associação Médica concederam entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 18/08, na sede do sindicato, para falar sobre a crise na saúde pública do estado. Entre os principais temas abordados pelos médicos estavam a avaliação do plano de gestão do governo, o encaminhamento de denúncia à Comissão de Direitos Humanos das Organizações das Nações Unidas (ONU) que revela o genocídio em Pernambuco e a falta de solução para o caos nas emergências, cada dia mais superlotadas e repletas de problemas.
Segundo o presidente do Cremepe, Carlos Vital, informar aos órgãos internacionais foi mais uma tentativa para reverter o quadro do serviço público. "O último fim de semana culminou com a superlotação do Hospital Getúlio Vargas e nas duas únicas emergências cardiológicas públicas do estado, o Hospital Agamenon Magalhães e o Procape", disse Carlos Vital. "Pacientes enfartados aguardavam a possibilidade inexistente de um leito, largados na rampa de acesso ao hospital", denunciou.
De acordo com o presidente do Simepe, Antônio Jordão Neto, até agora nada foi feito por parte do governo estadual para resolver a situação caótica dos hospitais e das emergências públicas da rede de saúde. "Observamos o discurso governamental que aponta para uma administração efetuada por fundações públicas de direito privado, através da qual a desobrigação paulatina do governo com a administração pública direta levará a privatização do setor", comentou.
Antônio Jordão revelou que existe um déficit de três mil leitos no estado. Só no Recife, faltam 426 leitos de UTI. "Precisamos muito mais do que o dobro desse número", afirmou. Atualmente, segundo o Simepe, existem menos de 400 leitos de UTI em todo o estado. Esse total, somado àqueles que ocupam os hospitais privados, passa de quinhentos.
Com relação à demissão dos médicos, Antônio Jordão informou que mais de 200 profissionais já pediram exoneração de seus cargos. Grande parte desse grupo é formada por cirurgiões gerais, traumatologistas, uteístas, urologistas, pediatras e cardiologistas, entre outras especialidades.
A partir do dia cinco de setembro, os médicos que já entregaram suas exonerações deixarão em definitivo o serviço público do estado. "Após 20 meses de negociações, o governo, diante do caos estabelecido e da pressão da opinião pública e das entidades médicas, apresenta um diagnóstico até mais grave e enumera algumas propostas que podem não se resolver, ao menos amenizar, desde que sejam efetivamente cumpridas", Jordão.
O presidente do Sindicato dos Médicos afirmou também que o última tentativa de negociação por parte do governo aconteceu no dia oito de julho."De lá para cá, a sinalização do governo foi zero. Estamos com a mesma pauta há três meses", completa Jordão.
As principais reivindicações do sindicato são o aumento do salário base para R$3.400, o cumprimento integral do acordo feito em 2007, aumento dos percentuais do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos [PCCV] e equiparação salarial dos plantonistas com os dos neurocirurgiões, além de melhores condições de trabalho.
Fonte: Simepe - 18-08-2008