26-08-2008 - Ex-paciente leva recibos à polícia

A servente Lenir Terezinha Cecchin, 44 anos, apresentou ontem documentos que comprovariam que pagou R$ 4 mil ao médico Éverson Araújo por duas plásticas na barriga custeadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Araújo é suspeito de negligência na investigação sobre a morte da dona de casa Zulmara Correa, 44, durante uma lipoaspiração realizada no começo do mês.
Lenir mostrou recibos de pagamento da primeira plástica na barriga e o prontuário do hospital que contém o sistema público como financiador da cirurgia. A servente afirmou que Éverson cobrou R$ 2 mil adiantados durante a consulta e que teria sido orientada a responder que era paciente do SUS caso a direção perguntasse. De acordo com ela, o médico falou que complicaria para o lado dele se alguém descobrisse.
Pelo documento, a plástica ocorreu no dia 6 de junho de 2002, no Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição, em Angelina, na Grande Florianópolis. A servente declarou que ficou deformada e que procurou o médico para um procedimento corretivo em 2007.
Desta vez a consulta e o pagamento de R$ 2 mil teriam ocorrido na clínica de São José onde o médico trabalhava. Lenir garantiu que a operação foi no hospital de Angelina e custeada pelo SUS.
Ela disse que reclamou da cobrança, mas que Éverson justificou que o dinheiro serviria para pagar o anestesista e as despesas de deslocamento dele até Angelina. Pela segunda vez, teve de dizer que a cirurgia seria pública, não particular.

Descontente, servente evita se olhar no espelho
A servente declarou que procurou o médico porque a segunda operação não surtiu efeito. Disse que chamou Éverson de carniceiro e o médico teria respondido que é mais conhecido por açougueiro. Ela disse que ficou indignada e ameaçou processá-lo. Ouviu que o caso ficaria anos na justiça e nada aconteceria. Lenir contou que usou o dinheiro de acertos com patrões para pagar as plásticas. Em 2002, pediu demissão e usou a indenização para custear a cirurgia.
A servente enxergou uma oportunidade de reparar os erros da primeira operação quando a prefeitura de São José demitiu os funcionários terceirizados. Aproveitou o acerto para uma segunda cirurgia. Nova decepção.
Hoje, a servente se considera uma pessoa lesada. Afirmou que evita se olhar no espelho porque não gosta da aparência. Não usa biquíni nem blusa curta porque as perguntas sobre as cicatrizes ofendem. Lenir disse que vai ser considerar aliviada se Éverson fosse preso.

Contraponto 
O que dizem os citados 
Éverson Araújo
 
A advogada do médico, Juçara Edvirges de Melo, disse que foi chamada para cuidar do caso da paciente que morreu durante a lipoaspiração. Ela disse que não tomou conhecimento da suspeita de cobrança de serviços prestados pelo SUS, por isso não pode se manifestar. 
Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Conceição 
A diretora administrativa, irmã Maria Heerdt, disse que nunca houve cobrança no hospital, por isso não pode haver pagamento de serviços cobertos pelos SUS.

Fonte: Diário Catarinense - 26-08-2008


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