O maior sistema de saúde do mundo vive uma crise inédita em sua história. Uma crise que vem aumentando a cada ano e já se tornou a maior preocupação dos cidadãos daquele país. Estamos falando do sistema de saúde americano. O país mais rico do mundo gasta muito em saúde e mesmo assim não obtêm os resultados que gostaria, e seu futuro é incerto.
O gasto com saúde nos Estados Unidos chegou em 2007 a US$ 2,3 trilhões, e a perspectiva, se nada mudar, é de que em 2016 chegue a US$ 4,2 trilhões. Esse montante equivale a 16% do Produto Interno Bruto (PIB) e, daqui a oito anos, eles deverão estar gastando 20% do que é produzido para pagar a conta da saúde.
Apesar dessa montanha de dinheiro, 47 milhões de cidadãos não têm seguro-saúde. Os preços dos prêmios de seguro-saúde subiu quatro vezes mais rápido do que os salários nos últimos seis anos. O país vive uma epidemia de obesidade e doenças crônicas, como diabetes e males cardíacos. E, de cada dólar gasto em saúde, somente quatro centavos vão para estratégias de prevenção.
Muitos podem estar pensando: "O que tenho eu a ver com os problemas do sistema de saúde dos ianques? Os nossos problemas já bastam." Além de vivermos em um mundo globalizado, onde as aspirações e desejos de consumo são compartilhados, costumamos importar estratégias e métodos, portanto acompanharmos o que se desenrola lá pode nos ajudar a não repetirmos os erros aqui. Os vizinhos do norte estão em ano eleitoral e o debate está acirrado. Nos próximos artigos vamos mostrar quais são as propostas dos dois principais partidos para tentar reverter o tsunami da saúde nos Estados Unidos.
Luis Fernando Correia é médico e apresentador do "Saúde em Foco", da CBN
Fonte: SMS/Site www.globo.com - 16-09-2008