24-09-2008 - Hipertensos ignoram tratamento

Apesar de atingir 30% dos brasileiros adultos, ser responsável por 40% dos enfartes e 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC), a hipertensão tem baixa adesão dos pacientes ao tratamento. Apenas 10% dos hipertensos fazem o controle adequado da pressão arterial. O preço dos medicamentos e a atenção dos médicos são alguns dos fatores que explicam a situação.
Pesquisa realizada pelo nefrologista Décio Mion, chefe da Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas (HC), revela que 89% dos pacientes consideram caros os remédios indicados para o controle da doença.
- Esse é um dado importante, mas o determinante mesmo é a relação com o médico - diz o nefrologista.
Dos mais de mil pacientes entrevistados, 76% afirmaram estar insatisfeitos com o atendimento dos médicos e procuram outro especialista.
- Para iniciar o tratamento, o paciente precisa estar convencido de que tem uma doença - diz.

Sintomas surgem quando já há comprometimento
Isso nem sempre acontece, pois a hipertensão evolui de forma silenciosa. Na maior parte das vezes, os sintomas começam a aparecer quando já há o comprometimento de órgãos como o rim e o coração.
A baixa adesão ao tratamento, afirma Mion, é uma das principais queixas dos médicos e normalmente associada ao nível socioeconômico dos pacientes. Porém, a pesquisa, patrocinada pelo laboratório Novartis, revela que 79% dos entrevistados dizem que gostariam de ter mais relação com o médico, 84% gostariam de ter mais informações da doença e 91% gostariam que o médico entrasse em contato após a consulta.
- Uma forma de melhorar a adesão é a participação de um segundo profissional, como uma enfermeira, que pudesse ligar para os pacientes após as consultas e verificar se ele está controlando a doença - diz.
A adesão, no entanto, nem sempre parece ter relação direta com o nível socioeconômico ou com o conhecimento sobre a doença. Um outro estudo feito por Mion - esse com funcionários do próprio HC - mostrou que apenas 35% dos médicos hipertensos fazem o controle correto da doença.

Fonte: Diário Catarinense - 24-09-2008


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