02-10-2008 - Sorrir, um bom remédio

Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, promove o Mês da Criança, com atividades aos pacientesPor que a cobra põe a língua para fora? Por que todo boneco tem olhos? Por que o carro precisa de rodas? Perguntas assim, feitas por crianças, surpreendem gente grande. Ainda mais quando elas estão internadas em um hospital. Foi mais ou menos assim que Rose, 12 anos; Daiane, seis; Duane, sete; Victor, 10 anos, entre tantos, indagaram na tarde de ontem quem esteve na Área do Sol, anexa ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, na Capital.
Os pacientes não usaram palavras. A voz foi a argila. Com o barro criaram bichos, seres, automóveis. A Oficina de Argila, coordenada pelo Programa de Recreação do Setor de Pedagogia, deu início ao Mês da Criança. Até o final de outubro uma série de eventos vai ocorrer.
A tarde nem era tão bonita assim. O céu estava nublado e ventava. Mas ninguém conseguiu convencer Victor da Silva Zanine, 10, a ficar no quarto. Todo mundo sabe: o menino do Rio Vermelho, na Capital, não agüenta mais hospital. Desde que caiu da bicicleta, há 18 dias, sente-se mais dependente. A lesão no fígado parece controlada, mas para evitar esforços tem que usar cadeira de rodas.
Duane Luisa Duarte, sete anos, chegou com tosse. Moradora da Praia da Pinheira, em Palhoça, tenta aliviar a crise de asma.
- O que tem de mais chato no hospital é o soro. O melhor é o parque - diz.
Paulo Nesadal Vieira é ceramista e aluno de Pedagogia na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Ele quem aceitou o convite da colega de aula Marilsa Silva Pereira, recreacionista no Joana de Gusmão, para comandar a oficina. Vieira tem um ateliê no Rio Vermelho, Norte da Ilha, e sabe da importância do ato voluntário.
- Esta é uma maneira de a criança colocar a cabeça em outro lugar.

Enfermeira enaltece atividades lúdicas
A enfermeira Haydee Holetz concorda. Para ela, o valor lúdico das atividades é imenso.
- As crianças sentem dor, mas às vezes não sabem indicar onde dói. Ainda que "temporariamente", elas esquecem do mal-estar, dos remédios, da rotina dos procedimentos médicos.
Daiane Graziele Antunes Ribeiro, seis anos, mora em Brusque, no Vale do Itajaí. Faz um mês que freqüenta a escola do Hospital Infantil. Ontem foi à oficina, mas estava quieta. Não quis falar. As mães como a dela, que trabalha em uma empresa de fiação, em Brusque, estão com toda a razão: por melhor que seja o atendimento (o Joana de Gusmão é referência no país) as crianças se chateiam de ficar dentro de um hospital.
É mesmo. Tanto que entre tantas perguntas esqueceram de uma:
- Por que as crianças ficam doentes?

Fonte: Diário Catarinense - 02-10-2008


  •