13-10-2008 - Prevenção cresce na era digital

As estatísticas emolduram um cenário em que prevenção e tecnologia são palavras de ordem. Na luta para detecção do câncer de mama, destca-se o mamógrafo digital, que proporciona diagnósticos mais precisos que o método convencional.
Entre as vantagens estão resultados mais rápidos, menor exposição à radiação e melhor qualidade da imagem, que tem maior nitidez e contraste, permitindo ampliar minúsculas microcalcificações malignas.
Até mesmo no quesito desconforto a tecnologia digital oferece vantagens, pois a pressão das chapas contra a mama é um pouco menor e mais rápida.
- As possibilidades das técnicas digitais são muitas. O exame, em vez de ser impresso, é guardado como um arquivo de computador. Com isso, ele pode ser alterado digitalmente para facilitar o diagnóstico - explica a médica doutora em radiologia Janice Lamas.
Por exemplo, pode-se aumentar ou diminuir o brilho da imagem, mexer no contraste para distinguir com mais precisão a pele e as possíveis calcificações e aumentar em até 400% a imagem com o zoom digital.
- Em uma mamografia convencional, pequenas calcificações poderiam passar despercebidas. Mulheres mais jovens, antes da menopausa ou em uso de terapêutica hormonal apresentam, normalmente, mamas assim. Característica que dificulta a análise no método analógico - comenta Janice.

Alto custo afasta aparelho dos hospitais públicos
Estudos comprovaram que o exame digital tem mais sensibilidade para mulheres com as mamas densas ou heterogêneas, com menos de 50 anos e nas perimenopáusicas (aquelas que estão na fase de transição entre a menstruação regular e a menopausa).
Apesar das vantagens, a tecnologia não está disponível no sistema público de saúde, e ainda são poucas as clínicas particulares que têm os aparelhos. Segundo o ginecologista Luciano Gois, a qualidade superior dos mamógrafos digitais é incontestável, mas o alto custo desses aparelhos ainda impossibilita a implantação em hospitais públicos.
Segundo o médico, a média indicada é de um mamógrafo para cada 200 mil habitantes, e a digitalização seria uma provável solução.

Saiba mais sobre o procedimento
- A mamografia pode diagnosticar câncer, alterações benignas da mama e alterações oriundas de outros órgãos, com manifestação mamária - leucemia, linfoma, doenças auto-imunes, doenças decorrentes da baixa imunidade, doenças do colágeno, sarcoidose, artrite reumatóide e lúpus
- A mamografia analógica tem as vantagens do baixo custo e do treinamento já acumulado pelos especialistas ao longo dos anos de prática, mas o aparelho tem pouco contraste (menor número de tons cinza), provoca maior compressão e emite maior dose de radiação. As mulheres se queixam de mais dor e pressão nas mamas
- Existem grupos de profissionais contrários à implementação da mamografia digital, principalmente devido ao custo elevado do aparelho e do exame. Segundo a radiologista Janice Lamas, esse tipo de resistência não é exclusividade do Brasil. Em todo o mundo, as novas tecnologias só ficam mais acessíveis com a fabricação em série e a utilização em massa
- Há outros avanços tecnológicos na área de diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Entre eles, ultra-sonografia, ressonância magnética ou biópsias de fragmento guiadas por estereotaxia

Fonte: Diário Catarinense - 13-10-2008


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