21-10-2008 - HEMOSC/CEPON: Doentes pagam a conta

Pacientes de câncer que precisam iniciar tratamento de radioterapia ou quimioterapia no Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), na Capital, terão de se munir de paciência e esperar até o fim da greve na instituição para receber atendimento. O mesmo ocorre com quem precisa marcar consulta com um especialista do Cepon. A paralisação dos servidores iniciou ontem e inclui, também, os funcionários do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc), em Florianópolis e em algumas unidades do interior.
Os trabalhadores não concordam com a decisão do Estado de transferir a gestão das duas instituições para organizações sociais, no caso a Fahece, e não aceitam o termo de cedência. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Privado e Público Estadual (SindSaúde), Edileuza Garcia, desde dezembro de 2007 há impasse, sem avanços.
- A Secretaria de Saúde do Estado quer que os servidores concursados aceitem ser cedidos ou transferidos para esta fundação privada, e nós queremos continuar públicos.
O maior problema, entretanto, segundo os dirigentes, é o temor de que, com a privatização, toda a estrutura do Hemosc e Cepon - até agora 100% pública e gratuita através do SUS - passe a atender também particulares e convênios. Esta medida, na opinião da presidente da Associação dos Funcionários do Hemosc e Cepon, Regina Rombaldi, poderá acarretar em uma redução no acesso e demora nos atendimentos dos pacientes do SUS (nas internações, exames, consultas e tratamentos). De acordo com Regina, o atendimento nos centros, que conta com 700 funcionários no Estado, não está totalmente paralisado.
- Estamos obedecendo a lei que exige 30% de atendimento - disse.
A paralisação atinge parcialmente os hemocentros de Chapecó, Lages, Criciúma, Joinville e Joaçaba.

Contraponto 
Secretária disse que Estado deverá entrar com ação na Justiça 
O governo do Estado deverá entrar com uma ação na Justiça para garantir o atendimento dos pacientes do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) e do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc), em Florianópolis informou a secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto. 
- Nenhum paciente poderá ficar sem tratamento de câncer ou sem suas aplicações semanais de quimioterapia, ou uma cirurgia que tenha que ser cancelada por falta de sangue. A população deve ter o acesso a esse serviço - afirmou. 
A secretária garante, também, que servidores cedidos e/ou transferidos para a Fahece não perderão seus direitos adquiridos. 
- O movimento retoma a discussão de que servidores perdem os seus direitos. Isso não é verdade. Inclusive alguns direitos que estavam fora do contracheque, a partir da contratualização, entraram para o contracheque. Eles não perderão direitos trabalhistas. Continuam trabalhando nas unidades do Hemosc e Cepon, que são da Secretaria de Estado da Saúde, como sempre foram - garantiu. 
Ela também rebateu os argumentos de que a decisão do governo estadual de transferir a gestão das instituições para organizações sociais, no caso a Fahece, represente uma privatização. 
- Muito pelo contrário. Santa Catarina tem a maior rede pública de sangue do Brasil. Toda ela é coordenada pelo Hemosc. Todos os hemocentros regionais, as ampliações do hemocentro Florianópolis e o Cepon Florianópolis são frutos dessa nova lógica de gestão. 
Fique por dentro 
O que está funcionando 
No Cepon 
> Consultas previamente agendadas com médicos especialistas 
> Sessões de quimioterapia e radioterapia para aqueles pacientes que já estavam com seus tratamentos em andamento 
> Entrega de medicamentos na farmácia do hospital, mas apenas os considerados essenciais 
No Hemosc 
> Manutenção do estoque regulador do banco de sangue. Se houver necessidade de sangue especial para alguma emergência, os doadores serão chamados por telefone 
Trabalhos que estão parados 
No Cepon 
> Agendamento de consultas para os próximos dias 
> Início de novos tratamentos de radioterapia e quimioterapia, tanto para pacientes da Capital quanto das demais cidades 
\> Entrega de medicamentos considerados não essenciais 
No Hemosc 
> Doação de sangue 
> Todos os hospitais possuem bancos de sangue ligados ao Hemosc, e os casos de utilização do material são avaliados pelas equipes de profissionais lotados nestas instituições 
* O Hospital Universitário, em florianópolis, possui um posto de doação de sangue, para quem desejar manter seu ato de solidariedade mesmo durante a paralisação dos servidores do Hemosc e do Cepon .

Fonte: Diário Catarinense - 21-10-2008


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