24-10-2008 - Pacientes prejudicados

Os pacientes de câncer que precisam de medicamentos e sessões de quimioterapia ou radioterapia no Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) do Estado, considerados não-essenciais, são os mais prejudicados na paralisação dos servidores da instituição que já entra no seu quinto dia e sem perspectiva de retorno. Ontem, depois de percorrer 130 quilômetros, o pescador Lourival Vieira, de 52 anos, teve que interromper o tratamento que teve início em junho deste ano e voltar para casa, em Imaruí, no Sul do Estado, sem realizar a 17ª sessão de quimioterapia.
- Esse greve é culpa do governo - afirmou o pescador.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público (Sintespe), Mário Antônio da Silva, os pacientes que apresentam quadros graves não estão deixando ser atendidos nem no Cepon nem no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc), também em greve.
- As cirurgias agendadas estão sendo realizadas e até a captação de sangue em casos urgentes tem sido feita. Além disso, temos estoques de sangue suficiente para atender a população - afirmou Silva.
O presidente do Sintespe, que passou a tarde de ontem, reunido com outros grevistas, no Hemosc, no Centro da Capital, afirmou que o setor jurídico está trabalhando para derrubar a decisão judicial, anunciada terça-feira, que determinou a suspensão imediata da greve.
- Esta decisão não tem consistência. Temos um parecer do Ministério Público Federal que deixa claro que o governo é proibido de abrir contratos com empresas privadas - explicou.
O presidente da Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina e Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Santa Catarina, Tércio Kasten, confirmou a normalidade nos bancos de sangue das unidades de saúde do Estado.
- Se a greve persistir, acredito que teremos problemas. É preciso entender que o Estado não tem condições de fazer a gestão dos serviços de saúde que devem ser entregues às entidades privadas sem fins lucrativos, como as organizações sociais. A gestão não pode ser feita por quem financia os serviços - afirmou.

Fonte: Diário Catarinense - 24-10-2008


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