28-10-2008 - Sem cérebro e sem vida

Uma pesquisa feita pelo Ibope, em todo o Brasil, no mês passado, mostra que 72% das mulheres católicas são a favor de que grávidas de feto anencéfalo (sem cérebro e sem chance de sobrevivência fora do útero) tenham o direito de optar se interrompem ou não a gestação.
E chega a 77% na faixa dos 25 aos 29 anos. O índice é um pouco maior do que os 70% registrados há quatro anos, quando o levantamento foi realizado pela primeira vez.
Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) promoveu uma série de audiências públicas com a participação de médicos, especialistas e religiosos para discutir sobre o direito de a mulher decidir pelo aborto ou não em caso de anencéfalo.
- A pesquisa mostra que os católicos pensam diferente da cúpula da Igreja nesses temas. Mesmo após todas as discussões que foram feitas, há, ainda, um aumento no número de católicos que apóiam o direito de escolha das mulheres nesses casos - disse Dulce Xavier, socióloga da organização Católicas pelo Direito de Decidir.
- E vemos que, agora, quatro anos após a primeira pesquisa, as pessoas receberam mais informação, ficaram expostas ao debate e mantiveram sua postura - afirmou.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi procurada, mas não quis comentar a pesquisa.
A entidade tem se manifestado contrariamente à possibilidade, defendendo o direito à vida do feto, entendendo que o aborto, nesses casos, seria uma violação a esse direito.

Foram entrevistados 2.002 pessoas em 24 estados
O levantamento do Ibope foi feito a pedido das organizações não-governamentais Católicas pelo Direito de Decidir e Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 24 estados, mais o Distrito Federal, entre 11 e 15 de setembro.
A fonte de dados para a elaboração da amostra foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2005 e o Censo de 2000, ambos do IBGE.
A pesquisa incluiu um questionamento sobre o atendimento a essas gestantes.
Entre os entrevistados com nível superior, o apoio para atendimento nas instituições públicas sobe para 79%; e entre moradores das capitais aumenta mais: chega a 84,2%.
O Código Penal brasileiro, da década de 1940, autoriza aborto apenas em casos de estupro e risco para a vida da mãe.

Fonte: Diário Catarinense - 28-10-2008


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