Pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade de Campinas já receberam os primeiros compostos da OMS para pesquisar a cura da doença de Chagas. Ela é causada por parasitas que deixam 200 mil pessoas doentes todos os anos no Brasil.
A descoberta do tripanossoma cruzi completa 100 anos; foi feita em 1908 por Carlos Chagas, considerado um dos maiores cientistas do país. O parasita vive no tubo digestivo do barbeiro, que transmite a doença ao picar a pessoa e deixar as fezes sobre a pele. Ao coçar a ferida, o paciente se contamina.
Até hoje, o mal de Chagas não tem cura. Os dois remédios que existiam no mercado deixaram de ser fabricados porque não eram mais eficazes. “É uma doença que causa problemas à população, um problema sério de saúde pública”, explica o parasitologista Otávio Henrique Thiemann.
A Organização Mundial da Saúde agora criou um centro de referência no combate a doença de Chagas no Brasil, o único da América Latina. Os pesquisadores trabalham para descobrir um remédio capaz de eliminar o parasita e a doença em qualquer estágio.
“A OMS nos enviou dois compostos que conseguem matar o parasita. Agora, nós temos que desenvolver esses novos compostos e conseguir chegar a um novo medicamento”, explica o coordenador do projeto, Adriano Andricopulo. Nos testes, os compostos mostram eficácia. Falta ainda analisar as reações e a dosagem necessária para o organismo humano.
A costureira Janice Sampaio respira aliviada ao saber das pesquisas. Ela morava no interior da Bahia quando foi picada pelo Barbeiro e só descobriu a doença aos 36 anos. Os sintomas da doença incomodam: “Tem dias que eu tenho uma batedeira no coração, um mal-estar”, conta.
Janice perdeu os pais e sete irmãos por causa da doença. Outros três também convivem com o mesmo problema. “Eu quero estar viva para poder usar o remédio e ficar livre dessa doença, que é terrível”, ela diz, esperançosa.
Os pesquisadores ainda não têm uma previsão de lançamento do medicamento no mercado.
Fonte: G1/Jornal Hoje - 28-10-2008