10-11-2008 - Editorial: Hábitos que matam

A boa notícia é a de que a causa mortis predominante dos brasileiros já não é aquele conjunto de doenças típico dos países pobres. Tais doenças, como a tuberculose e outras de caráter infeccioso, que há 80 anos eram responsáveis por 46% das mortes, hoje são dadas como causas de apenas 5%. Elas cederam lugar, no ranking das causas, a doenças do aparelho circulatório, aos diferentes tipos de câncer e à violência. Pois essa é também a má notícia. A mudança no panorama da saúde e da doença retrata um novo momento brasileiro em que o predomínio de outras doenças, em especial as do aparelho circulatório, está relacionado a sedentarismo, tabagismo e alcoolismo, hábitos que a sociedade pode prevenir, mas não o faz. Os dados constam do relatório Saúde Brasil 2007, do Ministério da Saúde.
Os avanços da medicina identificaram a relação já agora incontestada entre algumas doenças crônicas e o consumo abusivo de álcool e tabaco. Além disso, o excesso de peso, que afeta quase metade da população masculina brasileira e mais de um terço da feminina, está entre fatores que agravam as condições da saúde do país. Diante desse novo quadro da doença e de todas as causas que retardam ou que apressam a morte, os poderes públicos e as associações de profissionais ligados à área não podem deixar de preocupar-se. As doenças circulatórias em especial podem ser prevenidas ou evitadas por singelas mas indispensáveis mudanças de hábitos. Entre as mais constantes prescrições médicas neste sentido estão, por exemplo, a de exercícios físicos diários de meia hora, abandono do vício do fumo, redução do consumo de bebidas alcoólicas e um regime alimentar saudável, capaz de sustentar uma trajetória igualmente saudável.
O alerta do relatório Saúde Brasil 2007 está lançado. É preciso que o país saiba lê-lo e tirar dele as necessárias decisões, para então estabelecer as políticas públicas que propiciem a melhor cobertura possível à população.

Fonte: Diário Catarinense - 10-11-2008


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