19-11-2008 - ARTIGOS: Médicos, por Renni A. Schoenberger*

Muitos são os problemas que levam os médicos a declinarem dos bons salários pagos pelo sistema público de saúde. Vão de salários que poderiam ser ainda melhores a condições de trabalho e localização das cidades com demanda.
Uma primeira solução seria a obrigatoriedade de todos os profissionais vindos de universidades públicas serem obrigados a cumprir meio expediente, durante quatro anos, em hospitais públicos designados pelo governo federal. As melhores faculdades na área da saúde são federais. Natural que estudantes nascidos em berços esplêndidos procurem essas instituições.
Como tiveram melhor preparo nos ensinos médio e fundamental, conseguirão com maior facilidade as vagas nos famigerados vestibulares. O que não acontece é o retorno, na maioria das vezes, à sociedade pelos investimentos na educação desses profissionais. Isso corrigiria uma parte do problema.
As universidades federais deveriam aumentar o número de vagas e criar uma categoria distinta de médico, que poderia se chamar de médico público –ou algo assim. Ou seja, ao fazer a opção, no momento do vestibular, o candidato já saberia que somente poderá trabalhar em hospitais e clínicas públicas.
Saberia também que deverá cumprir 40 horas semanais e para isso terá um piso salarial, seja qual for a região em que irá prestar os serviços. A própria região já deverá estar definida no vestibular. Se as vagas de uma determinada região se esgotarem, poderá optar por outra.
Esse candidato, além de não pagar mensalidade, como é hoje, teria ainda custeados os livros e materiais necessários à conclusão do curso. Dessa forma, o curso de medicina iria atrair olhares da periferia, de pais que hoje não podem bancar um curso de medicina, mesmo não tendo mensalidades. Esses candidatos certamente ficarão satisfeitos com salários de R$ 8 mil ou R$ 10 mil.
Isso, creio, seria uma grande solução para a área. A categoria poderia alegar que estaria sendo criada uma subclasse de médicos. Eu diria que estaríamos criando médicos comprometidos com o serviço público. Bastaria aos governos municipais, estaduais e federal propiciarem as condições ideais de trabalho. Médicos pagos pelo povo, para o povo.

*Jornalista em Joinville - renniassessoria@uol.com.br

Fonte: AN - 19-11-2008


  •