15-01-2009 - Içara: Moradores temem fechamento de posto

Criciúma - Os moradores do bairro Vila Nova, em Içara, estão preocupados com a possibilidade de ficarem sem atendimento de saúde no bairro. O motivo do receio é o fechamento do posto 24 horas, inaugurado no final do ano passado. Viúva e mãe de três filhas, uma de 12 anos, outra de nove e a menor com nove meses, a dona-de-casa Rosângela Izabel, 32 anos, diz que sempre recorreu à unidade, seja para consultas ou outros serviços, já que de forma particular não seria possível, pois pesaria no orçamento da família.
Ela é uma das moradoras que teme a paralisação das atividades do posto. "Venho diariamente medir a pressão. Eu e minhas filhas fazemos tudo aqui, desde médico, dentista. Seria péssimo o fechamento, com o 24 horas estava melhor. Outro posto só em outro bairro, teria que pegar ônibus e nem tem dentista, para isso teria que ir ainda em outro", disse a dona-de-casa, enquanto aguardava atendimento odontológico para a filha.
Conforme os funcionários da unidade de saúde, a média diária de atendimento ultrapassa os 200 re-gistros, contando com curativos, entrega de remédios, pesagem de bebês, exames preventivos, cadastro de gestantes, consultas, entre outros. Agora o posto funciona como PSF (Programa de Saúde da Família), com horário estendido: das 8h às 12h e das 13h às 21h.
O representante da comunidade, vereador Darlan Carpes, diz que os moradores também estão insatisfeitos com a forma como a unidade foi fechada. "Fecharam sem avisar e sem dizer os motivos. O que particularmente achei estranho foi o fato do atual secretário de saúde ter sido o coordenador da Vigilância Sanitária até o ano passado e não ter se dado conta antes, caso não pudesse funcionar", comentou.
De acordo com o secretário de Saúde, Fabrício Possamai, a unidade não tem estrutura para funcionar como 24 horas. Ele afirma que na época houve uma ampliação e reforma do posto, que já era do PSF. "Conseguiram o recurso para a reforma e ampliação e no término das obras simplesmente colocaram uma placa 24 horas. Só há registro como PSF, tanto no Ministério da Saúde, como na secretaria Estadual de Saúde. O problema é que a estrutura não comporta um 24 horas. É preciso garantir a manutenção da vida de quem está internado em urgência e emergência", destacou.
Segundo o secretário, uma série de irregularidades foi apontada e notificada à prefeitura no ano passado, quando ele estava na coordenação da Vigilância Sanitária. "O acesso dos pacientes é feito pela recepção. Não há central de gás, a sala de pequenas cirurgias não é do tamanho necessário, o desfibrilador não possui monitor, não há técnicos para manter como 24 horas. São muitas irregularidades que apontamos. Foi até engraçado, porque na época da entrega, eu estava em férias, e quando retornei, uma funcionária veio pedir o alvará para aquele posto. Estranhei porque já tinha alvará como PSF, mas ela disse que era para o 24h, foi então que fizemos a vistoria e avisamos. Mas a prefeitura não quis reverter na época. E não queremos continuar com a irregularidade", destacou.
Possamai enfatizou que o PSF seguirá com as atividades. "O PSF, como prevê o Ministério da Saúde, é para prevenção, já o 24h é urgência e emergência. Estendemos o horário para aquelas pessoas que trabalham no comércio possam ser atendidas", salientou.

Fonte: Jornal A Tribuna - 15-01-2009


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