21-01-2009 - Ala fechada coloca menina em risco

Com apenas três anos e cinco meses, Maria Heloiza Lorenzin Menezes, já carrega longa história de vida. Sobrevivente da tragédia ocorrida há dez dias em Passo de Torres, na qual perdeu a mãe, depois que o carro caiu em um rio onde a família pescava, a pequena luta como gigante para conseguir se recuperar. Com sequelas neurológicas, ela deixou ontem a UTI do Hospital Infantil Santa Catarina. A notícia seria boa caso ela não fosse obrigada a ser transferida para o Hospital São José porque a UTI Semi-intensiva do Santa Catarina foi fechada há dois meses. Com pneumonia, sem falar e sem andar, a menina necessita de cuidados específicos que não são prestados pelo Hospital São José.
Por isso, ainda ontem, após apelo do pai, o bombeiro Alex Menezes, 35 anos, ela foi reconduzida ao Santa Catarina. Contudo, o único local disponível neste caso é o Pronto Socorro, onde ela permanecerá internada e que ainda não é ideal para seu tratamento. "Até semana passada eu tinha uma família. Sepultei minha esposa visitando milha filha na UTI. Estou pedindo ajuda para que eu consiga levá-la para algum centro clínico onde ela possa ter os devidos cuidados. Os profissionais do Santa Catarina são muito atenciosos, o atendimento é maravilhoso. Não há o que reclamar, mas ela precisa de uma unidade semi-intensiva. O trauma neurológico que ela sofreu foi bem severo. Não consigo acreditar que aqui temos toda a estrutura e está fechada", desabafou Alex.

Garota estava no carro que caiu no rio Mampituba
No último dia 9, ele, a mulher Ana Lucia Lorenzin, 35 anos, e a pequena Heloiza, passavam o dia às margens do Rio Mampituba, em Passo de Torres. Ana manobrava o carro quando teria perdido o controle do veículo durante a troca de marchas. Desgovernado, o automóvel caiu no rio e rapidamente foi tragado pelas águas. Equipes do Corpo de Bombeiros entraram no rio e conseguiram retirar mãe e filha antes que o carro afundasse. As duas foram encaminhadas ao Hospital. A menina precisou passar por uma drenagem de tórax. A mãe faleceu horas depois de ser socorrida.
O diretor do hospital Santa Catarina, Eraldo Belarmino Junior, tentou a transferência da menina para outras instituições, mas sem sucesso. "O problema é que no São José não há pediatra 24 horas, nem enfermaria pediátrica, e o pronto socorro é para adultos. Em outros lugares com especialidade neurológica não aceitaram por falta de leitos e ainda questionaram, porque temos estrutura para isso", afirmou.

Fechada desde novembro
Por problemas no estoque de medicamentos e falta de funcionários, a unidade semi-intensiva do Santa Catarina acabou fechada em novembro do ano passado. Conforme o diretor do hospital, Dr. Eraldo Belarmino Junior, o impasse com os medicamentos foi resolvido, contudo o quadro funcional ainda não foi preenchido. Além disso, outro drama vivido é os 13 leitos de internação sem utilização desde que a instituição foi inaugurada, também por falta de profissionais. A necessidade, segundo ele, seria de técnicos de enfermagem e enfermeiros. Para que a semi-intensiva pudesse funcionar, seriam necessários de dois a três enfermeiros e quatro técnicos de enfermagem, para as unidades de internação com 13 leitos, o ideal seriam dois enfermeiros e seis técnicos de enfermagem. Um estudo feito no ano passado, apontou que para ativar ambas as unidades (com metade da semi-intensiva), seriam suficientes uma verba de R$ 80 a R$ 100 mil mensais.

Fonte: A Tribuna - 21-01-2009


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