Conhecido por combater os juros altos que afligem a saúde da economia brasileira, o vice-presidente José Alencar passou a ser respeitado por uma outra luta – desta vez por sua própria saúde, travada há mais de 10 anos.
Em 1997, ele foi internado para extrair dois tumores malignos. Desde então, sua presença nos hospitais tem sido comum. O episódio mais recente foi na semana passada, quando, em uma cirurgia de mais de 18 horas, os médicos retiraram nove tumores (um deles com 12 centímetros de diâmetro), parte do intestino grosso e delgado e dois terços do ureter, que liga o rim à bexiga.
Os 77 anos de vida deixam a situação mais delicada. Segundo o geriatra Ângelo Bós, os idosos exigem cuidados redobrados em cirurgias comuns, ainda mais em operações delicadas.
– A capacidade cardiorrespiratória pode estar fragilizada. Uma alteração brusca no oxigênio pode levar a pequenos danos cerebrais, mesmo que na maioria das vezes reversíveis – diz Bós.
Na lista de prevenções também estão os remédios. O metabolismo é mais lento e requer cuidados especiais. A mesma lógica é aplicada à anestesia, que deve ser mais suave.
A própria doença se apresenta de maneira diferente. Nos idosos, a reprodução celular é mais lenta, o que puxa o freio na evolução do câncer. Por outro lado, o câncer tem origem em falhas do DNA das células.
Quanto mais velha a pessoa, mais falhas ela pode ter tido durante a vida, aumentando as chances de uma delas não poder ser reparada e alterar os mecanismos de reprodução celular, causando o câncer.
Mas pensar apenas na idade pode se mostrar uma armadilha. Para o oncologista Antonio Dal Pizzol Junior, deve-se evitar olhar somente o “número”.
– Há idosos com melhor saúde do que outros e que podem receber medicamentos diferentes, aumentando as chances de recuperação – ressalta o oncologista.
Fonte: DC - 02-02-2009