No mesmo dia em que o Ministério da Saúde anunciou o pedido de liberação de R$ 141 milhões em programas de prevenção à gripe A – ex-gripe suína – no Brasil, Santa Catarina oficializa seu primeiro caso de suspeita da doença. A menina de sete anos, que voltou recentemente dos Estados Unidos, está internada no Hospital Infantil Joana de Gusmão, na Capital.
O anúncio do governo federal indica que as palavras em tom de premonição do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que na semana passada garantiu que a chegada do vírus A H1N1 ao Brasil era inevitável, foram levadas a sério. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Gerson Penna, a verba será usada para publicidade e também para a instalação de “salas de situação” nos portos brasileiros, uma vez que os principais aeroportos do país já dispõem dessa estrutura.
A menina suspeita de estar com a gripe A chegou domingo de manhã da Flórida, onde estava acompanhada pelos pais. Como apresentou febre alta e tosse e naquele país houve confirmação da doença, a Vigilância Epidemiológica encaminhou a criança para internação. A paciente está isolada, mas passa bem e se alimenta normalmente.
Mesmo assim, foi examinada e teve material colhido para exame. O resultado deve sair em cinco dias. Os pais não apresentaram sintomas, mas são monitorados em casa.
Além de se prevenir da chegada do vírus ao Brasil, autoridades de saúde se dedicam a agilizar os resultados de exames. Gerson Penna informou que o Brasil vai receber, até sexta-feira, kits de diagnóstico da Organização Mundial de Saúde (OMS). O teste específico é o único método capaz de detectar a doença em dois ou três dias.
Exames descartam doença em quatro monitorados
Eles serão distribuídos a 30 laboratórios de referência no mundo. O Brasil conta com três: FioCruz, no Rio de Janeiro; Instituto Butantan, em São Paulo; e o laboratório Evandro Chagas, no Pará.
Enquanto os novos testes não chegam, os tradicionais já deram um suspiro de alívio para os catarinenses, que na semana passada tinham quatro casos de pacientes monitorados com sintomas da doença. O resultado dos exames chegaram ontem: todos negativos para o vírus A H1N1.
As análises das secreções nasais de três pacientes – duas mulheres, incluindo uma idosa de 81 anos, e um homem – foram feitas pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Diante dos resultados, a idosa que também vinha se tratando de pneumonia recebeu alta no Hospital Nereu Ramos, na Capital.
Em Criciúma, no Sul do Estado, o quarto paciente monitorado também teve a suspeita descartada depois de análises clínicas e epidemiológicas, e foi liberado no sábado.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 25 casos suspeitos da doença. O país não tem casos confirmados, mas a OMS alerta para os riscos crescentes por conta da chegada do inverno no Hemisfério Sul. Uma mulher de 50 anos e que voltou recentemente dos Estados Unidos e estava internada desde domingo com sintomas da doença, morreu ontem no Rio de Janeiro. Mas, depois de feitos os exames, foi constatado que a morte nada teve a ver com a gripe A.
Ela chegou a ser isolada, mas morreu com septicemia grave – processo infeccioso generalizado em que germes e suas toxinas invadem o sangue e nele se multiplicam. Segundo a OMS, os casos confirmados no mundo chegaram a 1.085 em 21 países.
Saiba mais
Desde o dia 1º, o Gabinete Permanente de Emergências do Ministério da Saúde alterou a definição de caso suspeito e em monitoramento
> Passaram a ser consideradas suspeitas de ter a doença pessoas provenientes de qualquer região dos países com confirmação de casos e que apresentem os sintomas, ou que tenham tido contato próximo com pessoas infectadas. Antes, eram as pessoas que vinham de áreas afetadas dentro desses países com sintomas
> Pela nova classificação, passaram a ser monitoradas, também, pessoas que apresentam sintomas compatíveis com o quadro suspeito da gripe e que sejam provenientes de países não afetados. Antes, eram considerados casos em monitoramento aqueles que vinham de área sem ocorrência de caso em países afetados e que tinham alguns dos sintomas da doença.
Fonte: DC - 05-05-2009