Os médicos da Prefeitura de Maceió, inclusive os que atendem pelo Programa de Saúde na Família (PSF), paralisaram as atividades na manhã desta segunda-feira, dia 04/05, por tempo indeterminado. A categoria cobra reajuste salarial. Os médicos, que recebem em média R$ 3 mil por 40 horas semanais, brigam por um salário base de R$ 5 mil e aumento na gratificação.
Os profissionais que trabalham em unidades de saúde recebem pouco mais de R$ 1 mil por uma jornada de 20 horas e buscam também reajuste de 100%. Na manhã desta segunda-feira, conforme o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão, estão sendo feitas visitas a todas as unidades de saúde para arregimentar a categoria. Nesta terça-feira, 06/05, a categoria deve realizar mais uma assembleia geral para decidir os rumos da greve.
A paralisação já atinge, por exemplo, o Posto de Atendimento Médico do Salgadinho. De acordo com o diretor-geral da unidade, o psiquiatra Humberto Santos, não há atendimento sendo feito pelos médicos dos municípios. "Eles resolveram parar", diz. De acordo com Santos, dos 96 médicos da unidade, mais de 80% são do quadro da Prefeitura Municipal.
"Isso representa uma dificuldade de lidar com a população enquanto durar a greve", salienta. Humberto Santos informou que os exames estão sendo realizados, mas os atendimentos serão remarcados para assim que a greve terminar, ou seja, as datas ainda estão em aberto.
A revolta é grande por parte dos usuários da unidade de saúde. "Eu estou esperando aqui desde as 5 horas da manhã e quando chegou a minha vez, a médica simplesmente disse que não atenderia por conta da greve. Eu preciso que seja analisado os exames que fiz", colocou uma paciente.
"Poucos são os médicos que estão atendendo. A regra é a greve. Hoje é um dia difícil", colocou ainda o diretor-geral. De acordo com ele, o PAM Salgadinho atende em média mil pessoas por dias. "Ao todo, são 400 consultas nas mais variadas especialidades. Ainda bem que não somos uma unidade de atendimento de emergência. Então, esse problema não vamos ter, mas sabemos que é um transtorno remarcar as consultas", finalizou.
O paciente Benedito de Araújo foi um dos primeiros a sentir o efeito da greve. Ele se encontra acompanhado da filha – Iolanda Araújo – desde as 5 horas da manhã, na tentativa de ter uma consulta para uma cirurgia que já estava agendada. "Meu pai não tem condições de esperar. A cirurgia já está marcada e precisamos apenas de um médico para que seja carimbado um documento autorizando a cirurgia. É um desrespeito, pois meu pai sequer tem condições de se locomover", colocou Iolanda Araújo.
O presidente do Sindicato dos Médicos, Wellington Galvão, frisou – em entrevista à imprensa – que a categoria tentou várias negociações antes de deflagrar a greve, mas não obteve resultado. "Logo, nos restou apenas à alternativa da greve. Estamos com uma defasagem salarial muito grande e não entramos em greve anteriormente junto com os demais servidores da Saúde, porque a demanda é outra. A pauta é diferente e o aumento que foi dado pela Prefeitura Municipal não nos contempla", disse Galvão.
Conforme o presidente do Sindicato dos Médicos, "é pedido um aumento de 100%". "Mas, mesmo este aumento não corrige a defasagem, pois o salário ainda fica abaixo da média do Nordeste. A situação da Saúde no Estado e em Maceió é muito grave. É um caos, pois faltam médicos para atender a demanda. A situação do Hospital Geral do Estado é pior do que quando era Unidade de Emergência", colocou.
O sindicalista ainda reclama da sobrecarga do trabalho e alerta para a insatisfação de muitos profissionais com a questão salarial e com as condições em que exercem a medicina. Wellington Galvão destacou que não consegue conversar com o prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP). "Ele está no quinto ano de mandato e nunca recebeu o sindicato, apesar da nossa insistência. Maceió tem uma cobertura de atenção básica que chega a 26%. É um dos piores índices do Brasil".
Fonte: Alagoas 24 horas/FENAM - 04-05-2009