Os médicos vinculados à Prefeitura do Recife decidiram, em assembleia geral da categoria, decretar dois dias (terça e quarta-feira, 12 e 13 de maio) de paralisação das atividades. A medida tem o objetivo de pressionar a administração municipal aceitar uma pauta de reivindicações com 13 itens que faz parte da Campanha Salarial 2009, incluindo equiparação e isonomia salarial com os dos profissionais de saúde do Estado, implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), seguranças nas unidades de saúde, além de melhores condições de trabalho. "Agora, a campanha vai para a rua", destacou o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Antônio Jordão.
Com a paralisação, os atendimentos ambulatoriais nos Postos de Saúde da Família (PSF) serão cancelados. Nas policlínicas municipais, será reduzido a 30% o corpo de profissionais que estarão de plantão nas urgências. Na próxima terça-feira, primeiro dia do movimento, os médicos visitarão os postos de saúde distribuindo panfletos aos pacientes e convocando os profissionais a aderirem ao movimento. Às 9h30, os manifestantes se concentram em frente a policlínica e maternidade Professor Barros Lima, no bairro de Casa Amarela, para protestar. No dia seguinte, na quarta-feira, outra assembleia será realizada na Associação Médica de Pernambuco (AMPE), às 9h, no bairro da Boa Vista, para avaliar os ganhos do movimento.
O salário pleiteado pela categoria prevê remuneração de R$ 3.060 para diaristas e R$ 5 mil para os plantonistas de policlínicas; R$ 6.120 e uma gratificação de R$ 4 mil para médicos de equipes do Programa Saúde da Família (PSF); e R$ 5 mil de gratificação plantão e gratificação de R$ 1,5 mil para os profissionais do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu). Ainda fazendo parte do movimento de protesto, eles analisam a hipótese de não preceptoriar alunos da Escola Pernambucana de Medicina (FBV/Imip) e das universidades Federal e Federal Rural de Penambuco, UFPE e UFRPE, respectivamente, que utilizam a rede municipal de saúde para prática médica. "Tudo isso será decidido na próxima reunião", explicou Jordão.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco adiantou que, além de cobrar e acompanhar a pauta de negociação dos médicos, vai realizar uma espécie de "caravana" nos postos da Secretaria Municipal de Saúde, a fim averiguar denúncias do corpo médico em relação às más condições de trabalho e recursos humanos. "Hoje, o salário dos médicos da prefeitura estão defasados em, pelo menos, 50% se comparado com os profissionais do Governo. Além disso, diversas reclamações chegaram ao Cremepe relatando casos de agressão a médicos e falta de materiais para o trabalho", disse.
Prefeitura
A Prefeitura do Recife informou, através de nota, que ainda não foi comunicada oficialmente da paralisação dos médicos, mas que a gestão tem mantido o diálogo com a categoria no sentido de atender às reivindicações feitas, mas a equiparação salarial proposta não pode estar deslocada do cenário econômico mundial de crise, que deverá pressionar na redefinição dos investimentos públicos. A gestão não tem conhecimento de estado ou município que esteja oferecendo reajuste salarial significativo aos seus trabalhadores. A Prefeitura está aberta à negociação com a categoria e reconhece a importância e o valor do trabalho do médico, mas vai manter a responsabilidade do equilíbrio financeiro do governo.
Fonte: Cremepe - 12-05-2009