03-01-2008 - Homem morre após ser atendido em hospital

Aos 24 anos, Amilton da Silva Souza não poderia imaginar que um simples corte na perna poderia provocar a sua morte. Ele morava em Planaltina e trabalhava como confeiteiro em uma padaria do Plano Piloto e tentava levantar um balde de margarida de aproximadamente 20 litros, quando a lata escorregou e atingiu um tendão da perna direita.
O acidente aconteceu na tarde de sexta-feira última. No mesmo dia, para amenizar a dor, Amilton decidiu procurar o Hospital Regional de Planaltina (HRP), onde recebeu medicação e voltou para casa. No entanto, os remédios não surtiram o efeito desejado. O confeiteiro morreu por volta das 18h de terça-feira. A diretoria do hospital afirma que a causa foi uma infecção generalizada ocasionada por bactéria. A família acredita em erro médico.
De acordo o irmão da vítima, o militar Ailton da Silva Souza, 33 anos, Amilton teria  passado mal poucas horas após a ingestão dos remédios. "De noite ele começou a ter febre e a perna paralisou", disse. Ele afirma que no sábado, um dia depois do acidente,  a situação se agravou. "O corpo dele inchou e apareceram manchas vermelhas em diversas partes. Era como se fosse um hematoma", conta. Sem conseguir andar direito, Amilton precisou ser levado novamente ao hospital, onde recebeu mais medicação e teve a perna engessada. "Se somar todas, foram mais de vinte. Os médicos não sabiam qual era o problema e ficaram chutando medicação", acredita o cunhado Jenilson Pereira dos Santos, 27 anos.
Uma das hipóteses defendida pelos parentes é que Amilton tenha morrido em função de alergia aos remédios. "Não era qualquer um que ele podia tomar porque ele tinha operado de úlcera', revela Ailton. Segundo ele, na bula de um antiinflamatório indicado pelo médico, chamado Nimesulix, constava a contra-indicação para pessoas com esse tipo de problema. "Meu irmão tomou seis comprimidos dele, um a cada 12 horas", relata.
De lá para cá, os parentes viram a situação piorar e chegaram, inclusive, a procurar hospitais particulares de Planaltina, mas todos eles estavam fechados em função do fim de ano. "A pior coisa que tem é ver uma pessoa que a gente ama morrer aos poucos", disse o irmão sem conseguir conter a emoção. A esposa do confeiteiro, a dona de casa Janete Cléia de Ameida, 24 anos, passou o dia inteiro em estado de choque.
De acordo com o chefe de emergência do HPR, o médico cirurgião Walter José Coser, não houve negligência médica. Segundo ele, o paciente morreu devido a uma infecção generalizada causada por uma bactéria ainda não identificada. No entanto, essa bactéria não teria sido adquirida no hospital. "Quando ele deu entrada no hospital, ele já estava com infecção. Ele não adquiriu aqui", garante o médico. O caso foi registrado na 16ª DP (Planaltina).

Fonte: Jornal de Brasília - 03-01-2008


  •